Sergio Massa x Javier Milei

Argentina: em quadro imprevisível, ultradireita tumultua segundo turno com mentiras golpistas

Para tentar vencer a eleição contra o peronista Sergio Massa ou fomentar caos político no país, grupo de Milei denuncia “fraude colossal”, mas não aponta nenhuma prova

Fotos: Reprodução
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Candidato peronista Sergio Massa (esq.) disputa eleição contra Javier Milei e seu grupo disseminador de mentiras

São Paulo – Às vésperas do segundo turno que vai definir o próximo presidente da Argentina, neste domingo (19), a extrema direita de La Libertad Avanza (LLA), do candidato Javier Milei, repete em seu país as mesmas artimanhas golpistas utilizadas por Donald Trump nos Estados Unidos, em 2016, e Jair Bolsonaro no Brasil em 2018. O cenário da corrida eleitoral entre ele e o candidato do governo e ministro da Economia, Sergio Massa, é em si extremamente equilibrado. Não se pode prever quem será o vencedor.

Antes mesmo da eleição, o grupo de Milei vem batendo na tecla de que o processo é contaminado por uma “fraude colossal”, mas não aponta nenhuma prova. Eles fomentam argumentos para usá-los após o pleito. Por exemplo, entregando menos cédulas às mesas eleitorais do que deve, para depois alegar fraude.

Mas a eventual falta de votos do La Libertad Avanza, de acordo com os aliados do peronista Sergio Massa e representantes da justiça do país, “será de responsabilidade exclusiva dessa força política”, cita o jornal Página12. A Junta Eleitoral da capital Buenos Aires e a província (estado) de Buenos Aires alertaram que as cédulas entregues pela coalizão de Javier Milei são insuficientes para todas as mesas.

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Mentira insólita

A coalizão extremista – que ganhou o apoio do ex-presidente Mauricio Macri e de sua candidata derrotada no primeiro turno, Patricia Bullrich – também acusou a Gendarmeria, força de segurança militar ligada ao Ministério da Segurança, de ter modificado as atas das eleições gerais. Porém, mais uma vez, não há uma única prova. A denúncia foi classificada pela jornalista Irina Hauser, do Página12, como “insólita”.

Karina Milei (irmã do candidato) e o advogado Santiago Viola, representantes da candidatura ultradireitista, foram convocados perante o Ministério Público Eleitoral. O ministro da Segurança Nacional, Aníbal Fernández, anunciou que vai denunciá-los. Apesar da grave denúncia, Karina e Viola mudaram o tom quando tiveram de responder ao promotor eleitoral Ramiro González.

Prática conhecida

A prática de Milei e seu grupo é virtualmente a mesma de Bolsonaro e Trump. Depois de se referirem a uma “fraude colossal”, relativizaram a acusação ao responderem diretamente à autoridade. “Não foi uma denúncia, mas sim uma apresentação feita com o objetivo de tomar extremos cuidados na transferência das urnas”, esclareceu Viola, segundo reporta o jornal Clarín, mesmo sendo conservador e antiperonista.

A presidente da Redcom, rede argentina que produz análises dos meios de comunicação, citada pelo Página12, destaca que sempre foi prática da extrema-direita a produção de mentiras na disputa política. “Do nazismo às ditaduras latino-americanas e à negação dos seus crimes, até experiências mais recentes como a de Bolsonaro no Brasil ou de Trump nos Estados Unidos”, diz.

No ambiente argentino das eleições de 2023, as autoridades do país fazem o mesmo que as brasileiras no ano passado. Na medida do possível, tratam de esclarecer a população de que o sistema eleitoral é confiável. “A primeira coisa que os cidadãos devem saber é que quando dizemos que o sistema é robusto, seguro e confiável é porque as palavras encontram fundamento em fatos reais”, afirmou o subsecretário da Câmara Nacional Eleitoral, Gustavo Mason, ontem (17).

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