Egito ainda vive momentos de dificuldade após onda dos protestos e renúncia de Mubarak

Quadros de vítimas dos 18 dias de protestos que levaram à renúncia de Mubarak são expostos na praça Tahir, ponto de concentração dos ativistas (Foto: Asmaa Waguih/Reuters) Brasília – Três […]

Quadros de vítimas dos 18 dias de protestos que levaram à renúncia de Mubarak são expostos na praça Tahir, ponto de concentração dos ativistas (Foto: Asmaa Waguih/Reuters)

Brasília – Três dias depois da renúncia do presidente Hosni Mubarak, o Egito  ainda não voltou à normalidade. A prestação de alguns serviços, como o fornecimento de combustíveis e a retirada de dinheiro nos caixas automáticos, ainda é precária. Nesta terça-feira (15) é feriado nacional por causa do aniversário de Maomé, fundador da religião muçulmana, e as escolas públicas só voltam a funcionar no próximo domingo (20).

O sistema de segurança das principais cidades está em fase de organização e ainda não voltou ao normal. A reclamação de alguns moradores de Alexandria e do Cairo é que a maior parte dos militares só está nas ruas à noite. As informações são da Lusa, agência pública de noticias de Portugal.

Paralelamente, há ainda protestos em lugares específicos do Egito. Na capital, alguns manifestantes insistem em manter os protestos em frente aos prédios do Ministério das Antiguidades e da Câmara Municipal.

Na última sexta-feira (11), depois de uma onda de 18 dias de manifestações contra o governo, Hosni Mubarak renunciou à Presidência do Egito, que ocupava há quase 30 anos. Ele e a família deixaram o Cairo em direção a  Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho. O local é considerado um paraíso: com hotéis luxosos e próprio para mergulho.

O governo de transição no Egito está sob responsabilidade de uma junta militar, comandada pelo marechal Mohammed Tantawi, que até então era ministro da Defesa. Os militares avisaram que o Parlamento será destituído, reformada a Constituição e que em seis meses haverá eleições no país.

Protestos

A exigência do Exército do Egito para que os manifestantes deixassem a Praça Tahrir, centro dos protestos contra o governo, só funcionou por algumas horas. Os ativistas retornaram ao local mas, agora, para fazer reivindicações trabalhistas. Cerca de 2 mil policiais, bancários, funcionários da indústria do turismo e do transporte exigem aumento salarial e melhores condições de trabalho.

Por intermédio da rede estatal de televisão do Egito, o Exército pediu que os trabalhadores egípcios ajudem a recuperar a economia do país, evitando greves. Um porta-voz militar disse que as greves, neste “momento delicado”, levam a resultados negativos e pediu para que os “cidadãos e sindicatos desempenhem suas obrigações”.

Porém, por volta do meio-dia (8h de Brasília), um grupo de cerca de 2 mil pessoas chegou à praça, bloqueando o trânsito e exigindo a saída de integrantes do governo ligados a Mubarak. Perto da praça, policiais fizeram um protesto após uma passeata. Alguns deles carregavam fotos de colegas supostamente mortos nos confrontos com manifestantes em que centenas de pessoas morreram e mais de 1,5 mil ficaram feridas. Um cartaz carregava a frase: “Estas também são vítimas do regime”.

No domingo (13), a polícia egípcia também foi às ruas para protestar por melhores salários, benefícios, redução na jornada de trabalho e por mais respeito à instituição. Centenas de oficiais, policiais e civis que atuam na polícia marcharam até o Ministério do Interior onde foram impedidos pelo Exército de entrar no prédio.

Segundo eles, um oficial da polícia ganha cerca de US$ 85 por mês e trabalha entre 12 e 15 horas por dia. Os policiais disseram ter sido obrigados a reprimir as manifestações antigoverno sob pena de prisão. Eles foram vaiados pelas pessoas, que exigiram que se retirassem do local. Os militares fizeram um cordão de isolamento para separar os dois lados.

Segundo o governo, o Egito perdeu mais de US$ 6 bilhões durante os 18 dias de protestos, que paralisaram o turismo e outros setores da economia.

De acordo com a emissora de TV estatal do país, os militares tiveram que se reunir nesta segunda-feira com outras categorias profissionais para impedir greves que exigem melhores salários e a remoção de chefes ligados ao partido político de Mubarak, o Partido Nacional Democrático (PND).

O governo já havia anunciado que sua prioridade é restabelecer a segurança no país e reativar a economia. Mas jornais egípcios falaram em novas greves de outras categorias profissionais de servidores públicos, como os de ferroviários, mídia e correios.

Fonte: Agência Brasil