Argentina conclui processo de expropriação de empresa de petróleo

Após passar pelo Senado e pela Câmara, projeto que expropria petrolífera é transformado em lei

São Paulo —  A Câmara dos Deputados da Argentina aprovou ontem (3), com folga, a expropriação da petrolífera YPF, inclusive com votos de parlamentares oposicionistas. Com 208 votos a favor, 32 contra e cinco abstenções, a empresa que estava nas mãos da espanhola Repsol foi nacionalizada, dando 51% de suas ações de volta ao Estado argentino.

O líder do bancada governista Frente para Vitória (FPV), Agustín Rossi, foi o encarregado de conduzir o debate. Para ele, o projeto de expropriação vai mudar um paradigma, pois o petróleo não é uma commodity, mas sim um consumo básico para o crescimento do país. Ele afirmou que com a declaração de interesse nacional de abastecimento energético, a exploração, a produção e o transporte “todas as pretolíferas terão que cumprir com esse objetivo”. Rossi lembrou, ainda, que a Repsol que controlava YPF e era também parte do jogo da especulação financeira, e asseverou que a petrolífera argentina financiou o crescimento da companhia espanhola em todo mundo.

Ricardo Gil Lavedra, líder da bancada da União Cívica Radical, afirmou que a grave situação energética compremete seriamente a economia e põe em risco o desenvolvimento argentino. O parlamentar afirmou que apesar de apoiar “criticamente” o projeto de expropriação não aceitará a negligência nem a corrupção por parte do governo argentino.

Para a mandatária argentina Cristina Kirchner, a retomada do controle da YPF dá fim à era de crises na Argentina. Durante o anúncio da expropriação, no mês passado, Cristina lembrou que a origem das insatisfações dos trabalhadores na virada da década de 1990 para os anos 2000 foi o efeito da privatização da empresa. Fundada no começo do século passado, a companhia de exploração de petróleo e gás se converteu em uma integrante do imaginário de soberania argentina.

Com informações do Página12