Deposto do poder, Baby Doc retorna ao Haiti em momento crítico do país

O ex-presidente Baby Doc causou surpresa mundial ao retornar ao Haiti (Foto: Reuters) Brasília – O ex-presidente do Haiti Jean-Claude Duvalier, conhecido como Baby Doc, retornou ao país no último […]

O ex-presidente Baby Doc causou surpresa mundial ao retornar ao Haiti (Foto: Reuters)

Brasília – O ex-presidente do Haiti Jean-Claude Duvalier, conhecido como Baby Doc, retornou ao país no último domingo (16), 25 anos depois de ser deposto por uma revolta popular. Duvalier, 59 anos, chegou ao aeroporto da capital Porto Príncipe em um voo vindo da França, onde ele vivia exilado. Especialistas não sabem informar a razão do regresso de Duvalier. Porém, o ex-presidente afirmou que quer “ajudar o povo haitiano”. As informações são da BBC Brasil.

O retorno inesperado de Baby Doc ao Haiti ocorre no momento em que o país enfrenta uma crise política, uma epidemia de cólera e as dificuldades da reconstrução após o terremoto devastador do ano passado que matou mais de 250 mil pessoas.

O primeiro-ministro, Jean-Max Bellerive, disse que não há motivo para acreditar que a chegada de Baby Doc vá desestabilizar o país. “Ele é um haitiano e, como tal, é livre para voltar para casa”, disse Bellerive.

Duvalier tinha apenas 19 anos quando herdou o título de “presidente vitalício” de seu pai, François “Papa Doc” Duvalier, que governou o país de 1957 a 1971. Baby Doc é acusado de corrupção, repressão e abuso de direitos humanos durante o tempo em que esteve no poder, de 1971 a 1986.

Como o pai, Baby Doc contava com uma milícia particular conhecida como os Tontons Macoutes, que controlava o Haiti usando violência e intimidação. Os Duvalier são tidos por analistas como dois dos mais violentos governantes da História.

Papa Doc reforçou sua imagem ameaçadora com um culto de personalidade baseado no vodu haitiano, mas Baby Doc era visto como um playboy. Em 1986, ele foi deposto por um levante popular após pressão diplomática dos Estados Unidos e fugiu para a França, onde vivia exilado, apesar de nunca ter recebido asilo político formal.

Em uma entrevista em 2007, Baby Doc pediu que o povo haitiano o perdoe por “erros” cometidos durante seu governo. Um pequeno grupo de partidários de Duvalier vinha fazendo uma campanha para que ele voltasse ao Haiti.

O retorno de Duvalier ao país ocorreu no dia em que deveria ocorrer o segundo turno das eleições presidenciais no Haiti, mas a votação foi adiada por causa de uma disputa em torno dos nomes que deveriam constar na cédula eleitoral.

O candidato governista, Jude Celestin, e o cantor Michel Martelly querem participar do segundo turno com a ex-primeira-dama Mirlande Manigat, considerada vencedora do primeiro turno, em 28 de novembro, em uma votação fortemente criticada por causa de relatos de fraude, violência e intimidação de eleitores.

Impasse político

A polêmica sobre o resultado das eleições no Haiti será tema de uma reunião nesta segunda-feira(17) em Porto Príncipe, capital do país. O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, está na cidade para conversas com as autoridades. Para a comissão especial que analisou o assunto, houve fraudes nas eleições presidenciais e o objetivo é discutir uma solução.

Insulza se reunirá com o presidente do Haiti, René Preval, o primeiro-ministro Jean Max Bellerive, além de autoridades do Conselho Eleitoral Provisório (CEP) e o chefe da Missão de Observação Eleitoral, Colin Granderson.

Há um clima de incerteza política no Haiti, pois o mandato do presidente Préval acaba no próximo dia 7. Ele disse que não pode deixar o poder porque não haverá um presidente eleito para substituí-lo. Uma das alternativas é que o mandato dele se estenda até 14 de maio, como permite a legislação até a conclusão do processo eleitoral.

Na semana passada, foi concluído o relatório da comissão especial. Nele, os especialistas afirmam que houve fraude nos resultados das eleições e o candidato que apareceu em terceiro lugar, de acordo com dados da Justiça Eleitoral do Haiti, ficou em segundo.

Pelos dados oficiais do Haiti, o vencedor no primeiro turno foi a ex-primeira dama Mirlande Maniga, com 31,37%, seguida por Jude Celestin, com 22,48%, e o cantor Michel Martelly, com 21,48%.

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