São Paulo – A presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, será submetida nesta quarta-feira (4) a uma cirurgia, primeira etapa do tratamento contra um câncer na glândula da tireoide. O procedimento será realizado pelos integrantes da Unidade Médica Presidencial no Hospital Austral, em Buenos Aires.

Cristina retornou na última segunda (2) da província de Santa Cruz, onde reside, após cinco dias de descanso, e foi direto à residência presidencial da Quinta de Olivos, na capital, de onde só sairá pouco antes da operação. A presidenta passou o Ano Novo ao lado dos filhos, da mãe e da sogra em El Calafate, o município no qual construiu parte da vida política ao lado do marido, Néstor Kirchner, morto em outubro de 2010.

Inicialmente, Cristina se afasta das funções públicas pelos próximos 20 dias, período no qual assumirá o cargo o vice-presidente Amado Boudou, que assumiu o cargo em 10 de dezembro, no início do segundo mandato. No único discurso feito após o anúncio da doença, no último dia 28, ela pediu apoio ao vice durante o período de ausência e aproveitou para alfinetar o antecessor no cargo, Julio Cobos, que passou mais da metade do primeiro período de governo em briga aberta com a presidenta. “Quase se pensava que era uma obrigação que o presidente discordasse do vice-presidente, um caso único no mundo”, ironizou.

Boudou, por outro lado, foi uma escolha pessoal da presidenta para sua chapa nas eleições do ano passado, quando obteve a maior vitória desde a redemocratização argentina, em 1983. Um dos atributos que pesaram a favor do então ministro, além da boa condução da economia, foi a fidelidade ao governo, característica exaltada publicamente algumas vezes. “Olhem que importante é que o vice-presidente pense o mesmo que quem foi eleito para conduzir os destinos do país”, acrescentou.

A presidenta deve receber alta até o fim da semana. Os exames pré-cirúrgicos indicaram que o carcinoma não afetou os gânglios linfáticos e não há metástase, ou seja, o problema segue isolado, o que aumenta as possibilidades de cura.

Histórico

Cristina é a terceira presidenta em exercício atualmente na América do Sul a ser afetada por um câncer. Antes dela, Fernando Lugo, do Paraguai, e Hugo Chávez, da Venezuela, tiveram a doença diagnosticada, e ainda passam por tratamento.

No Brasil, a presidenta Dilma Rousseff teve um linfoma ainda como ministra-chefe da Casa Civil do governo Lula, em 2009, antes de ser anunciada oficialmente como candidata à Presidência da República. Onze meses após deixar o cargo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve detectado um tumor na garganta, do qual ainda se trata. Nesta quarta-feira (4), ele inicia as sessões de radioterapia. A primeira fase de procedimentos, com quimioterapia, teve desempenho considerado bom pelos médicos, que diagnosticaram a diminuição do tamanho do tumor.