Brasil vê pouca pressão internacional sobre Honduras

Brasília – A pressão internacional sobre o governo de facto de Honduras ainda não foi “suficientemente forte” para resolver a grave crise no país, disse nesta segunda-feira (28) o assessor […]

Brasília – A pressão internacional sobre o governo de facto de Honduras ainda não foi “suficientemente forte” para resolver a grave crise no país, disse nesta segunda-feira (28) o assessor para assuntos internacionais do governo brasileiro.

Defensor da restituição de Manuel Zelaya ao poder, o Brasil foi jogado no centro da crise desde que o presidente deposto abrigou-se em sua embaixada, há sete dias.

“Espero que avance um pouco mais, ou na direção de que os golpistas aceitem uma nova conversa com a Organização dos Estados Americanos (OEA), ou que a comunidade internacional aumente a pressão”, disse Marco Aurélio Garcia, em entrevista exclusiva à Reuters, por telefone.

A decisão polêmica de retornar a seu país e instalar-se na embaixada brasileira gerou diversos problemas. No domingo, o governo de facto deu um ultimato de 10 dias ao Brasil para que encaminhe uma solução sob pena de perder a imunidade diplomática. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rechaçou a ameaça.

Conflitos entre simpatizantes e opositores elevaram ainda mais a temperatura. Mais cedo, o próprio Zelaya disse temer uma invasão.

“Se houvesse um ato desse, seria uma situação gravíssima, teríamos que entrar no Conselho de Segurança da ONU”, argumentou Garcia.

Segundo ele, porém, isso não deve ocorrer, “mas não se pode subestimar a estupidez humana”.

Nesta segunda-feira, o embaixador dos EUA na OEA, Lewis Anselem, criticou o hondurenho por seu retorno “irresponsável e tolo” antes que fosse fechado um acordo.

Para Garcia, a crítica de Anselem é “ruim” e mostra um “caráter ambíguo da diplomacia norte-americana”.

“Declarações desse tipo só fazem relativizar o que aconteceu em Honduras”, afirmou. “A questão fundamental é ter uma atitude enérgica para restabelecer a democracia.”

Zelaya foi deposto e expulso do seu país por militares no dia 28 de junho. Há meses o Brasil cobra uma atuação mais firme dos EUA, país com poderes reais de persuasão.

“A meu juízo, os americanos estão melhores em termos de política externa em outros países ou região, como Irã e Oriente Médio, por exemplo, do que aqui (na América Latina)”, criticou Marco Aurélio Garcia.

“Se eles estivessem usando o mesmo procedimento aqui, seguramente seria diferente”, acrescentou, argumentando que a “pressão internacional ainda não foi suficientemente forte.”

“Esperamos que esse erro possa ser corrigido”, apostou.

Fonte: Reuters