Política externa

Brasil e China fecham acordo para ampliar pauta de exportação

Itamaraty quer aumentar exportação de produtos de alto valor agregado ao maior parceiro comercial. Encontro entre Dilma e Xi Jinping é realizado em Brasília um dia após reunião de cúpula dos Brics

Clauber Caetano/Planalto

Após cúpula dos Brics, Jinping é recebido por Dilma no Planalto para firmar 30 acordos

São Paulo – Presidentes do Brasil e da China, Dilma Rousseff e Xi Jinping assinaram hoje (17) em Brasília cerca de 30 atos de parceria em vários setores, entre os quais aviação civil, energia, sistema financeiro, infraestrutura, educação, mineração, tecnologia, resseguros, construção e agricultura. Um acordo para a compra de 60 aeronaves da Embraer pela China e um protocolo de cooperação tecnológica e sensoriamento remoto para aperfeiçoar o Sistema de Proteção da Amazônia, e documento para desburocratizar a emissão de visto de negócios para cidadãos dos dois países também foram assinados.

A difusão do mandarim no Brasil em universidades federais e cursos online e a oferta de estágio na China para estudantes do Programa Ciência sem Fronteiras também foram itens da pauta de acordos.

Os dois países celebram 40 anos de cooperação em 2014. A China, desde 2009, é o principal parceiro comercial do Brasil. Em 2013, foram trocados US$ 83,3 bilhões entre os países – o Brasil exportou US$  46,03 bi e importou US$ 37,3 bi, um aumento de 10% em relação a 2012. A expectativa é de que esse valor deva ultrapassar US$ 90 bilhões neste ano.

“China e Brasil são as maiores economias em desenvolvimento nos respectivos hemisférios, e cada vez mais integradas. Mesmo em quadro adverso, os dois países têm conseguido ampliar programas de inclusão social”, recordou Dilma durante discurso no Palácio do Planalto. “Nossas relações desenvolvem-se com velocidade inédita em diversas áreas de cooperação.”

Os dois países foram protagonistas esta semana do cenário internacional ao anunciarem, junto com Índia, Rússia e África do Sul, a criação de um banco de financiamento pelos Brics, grupo que reúne as cinco principais economias emergentes. Com capital inicial de US$ 100 bilhões e sede em Xangai, na China, a instituição financeira tem interesse de fazer contraposição ao Fundo Monetário Internacional (FMI), entidade que os emergentes buscaram reformar nos últimos anos para garantir uma redistribuição de poder.

De acordo com o Palácio do Planalto, Dilma e Jinping assinaram acordo pra promoção de investimento e cooperação industrial. O instrumento visa à interação de empresas e instituições financeiras dos dois países nas áreas de energia, mineração, infraestrutura, indústria e agricultura. Prevê também uma reunião anual com representantes do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio e a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma. Em infraestrutura, também foi assinado memorando de entendimento sobre cooperação para elaboração de projetos ferroviários.

Tanto o Itamaraty como o governo chinês ressaltaram que o acordo avança rumo a uma melhoria na qualidade da pauta comercial. O embaixador Francisco Mauro Brasil de Holanda, diretor do Departamento da Ásia do Leste do Ministério das Relações Exteriores, afirmou ao Blog do Planalto que a intenção é ampliar a exportação de produtos de maior valor agregado.

“Pretendemos reforçar o compromisso, mas também expressar o interesse para que a pauta exportadora possa contemplar uma proporção maior de produtos de maior valor agregado. Atualmente três famílias de produtos, que são os minérios, soja e petróleo, respondem por mais de 80% da pauta de exportação brasileiras, o que torna essa pauta muito suscetível a oscilações do ciclo econômico”, disse.

Durante discurso no Planalto, o presidente da China também externou esta visão e apostou no incremento de negócios em petróleo e inovação tecnológica. “Vamos fazer mais intercâmbios de cooperação estratégica, inclusive no Brics. As duas partes vão compartilhar oportunidades com vistas a consolidar o crescimento dos países emergentes.”

Depois de encontro no Palácio do Planalto, Dilma e Jinping encontram-se com empresários dos dois países, no Palácio Itamaraty, no encerramento da reunião do Conselho Empresarial Brasil-China.

À tarde, também no Itamaraty, ocorre a reunião de cúpula Brasil-China-Quarteto da Celac-Países da América do Sul-México. O quarteto da Comunidade dos Estados Latinos-Americanos e Caribenhos (Celac) é formado por Chile, Antígua Barbuda, Cuba e Costa Rica.

À noite, os presidentes participam de um evento que comemora os 40 anos de relações diplomáticas entre Brasil e China no Centro de Convenções Ulysses Guimarães.
Ontem, Dilma e Jinping participaram com 14 chefes de Estado do segundo dia de reuniões da 6ª Cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que teve a participação dos presidentes da América do Sul.

Com informações da Agência Brasil.

Leia também

Últimas notícias