Zagueiro de Jundiaí relembra passado de glória no Paulista

Os tempos românticos do futebol

Baitu enfrenta o grande Dudu, do Palmeiras. (Foto: terceirotempo.ig.com.br)

Nivaldo Beiseigel, o grande zagueiro Baitu, 65 anos, atuou no Paulista Futebol Clube entre os anos de 1966 e 1971. Aposentado, morador na Vila Liberdade, ele é casado com Maria Inês, tem quatro filhos e cinco netos. 

Escolhido pelo técnico Benoni Pires, em 1966, para jogar no time amador do Paulista, Baitu foi campeão da cidade, do interior e do Estado de São Paulo. Promovido a profissional, sagrou-se campeão da Segunda Divisão em 1968, no time do técnico Alfredinho. Na época, ele, ferroviário da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, pediu licença sem vencimentos para atuar no Paulista. “Eram tempos difíceis, em que se jogava com amor à camisa” – diz. 

Baitu lembra que depois da histórica vitória sobre o Barretos, que garantiu a ascensão do Paulista à Divisão Especial, os jogadores pagaram uma promessa em Aparecida do Norte e voltaram à concentração em Jundiaí – que era no Restaurante do Lazinho, no bairro  Caxambu –, de onde, em carro aberto, saíram pelas ruas da cidade e eram saudados pela torcida. 

O pai, seu Roberto, sempre o incentivou a jogar. Mas havia muita discriminação na sociedade: “Os pais proibiam as filhas de namorar jogador de futebol. Diziam que era coisa de vagabundo” – lembra ele. Baitu enfrentou diversos times grandes e marcou muitos atacantes, entre os quais  Pelé. “Ele driblava bem, tinha raciocínio rápido, um baita arranque e chutava com as duas pernas. Era impossível – diz Baitu sobre o melhor atacante de todos os tempos. Às vezes, Baitu jogava de lateral improvisado. Ele se recorda da marcação que fez sobre o ponta direita Mané Maria, também do Santos: “Era difícil marcá-lo. Era muito rápido e habilidoso”. Baitu lembra de outros jogadores de difícil marcação, como Toninho Guerreiro (Santos) e César (Palmeiras).

Baitu, que se inspirava no zagueiro Djalma Dias, do Palmeiras, que ele considera um dos melhores zagueiros da história, lembra que uma de suas melhores atuações foi num jogo em que o Santos venceu o Paulista, no Jaime Cintra, por 2 a 1, em março de 1969. Ao comparar o presente com o passado, Baitu diz que “Jundiaí, com a grande quantidade de empresas que tem, deveria dar mais atenção ao futebol profissional, tanto aos jogadores, quanto à estrutura dos clubes”. E deixa um recado aos jovens esportistas: para que sigam naquilo que acreditam e levem “o esporte a sério, sem vícios, com disciplina e responsabilidade”.