A vida divertida de um pequeno clube da cidade de Jundiaí

Como um ex-time de futebol de Vila Jundiainópolis continua fazendo a cabeça de muita gente

No centro, Cabeça, o presidente, com seu tesoureiro Augusto e o vice Geraldo (Foto: Sueli Oliveira Silva)

O nome – Jabaquara Atlético Clube – veio do homônimo famoso de Santos, também conhecido como  Jabuca. Oficialmente, ele foi fundado em 10 de julho de 1962, como um time de futebol do bairro da Vila Jundiainópolis, em Jundiaí. Hoje, é um importante espaço de lazer para os moradores do bairro, com quadra de futebol, salão de festas, campo de bocha, salão de baralho, lanchonete e espaço para festas com churrasqueira.

Todos os dias, à tardezinha,  os moradores, principalmente idosos,  vão ao clube disputar um tradicional jogo de bocha ou partidas de truco. “Durante a semana, o clube fica aberto e as crianças passam por lá para bater uma bola, num ambiente saudável e longe das ruas” – afirma o presidente, José Carlos Olaia, o Cabeça, de 58 anos.

O clube se mantém com a contribuição mensal de R$ 10,00 dos associados e com o aluguel da quadra e do espaço de festas. Quando foi fundado, os moradores faziam festas juninas e quermesses para juntar dinheiro para o time de futebol, orgulho do bairro. Hoje, a prioridade da diretoria é ampliar o quadro associativo para melhorar o espaço de convivência comunitária.

A diretoria do clube é composta do presidente, José Carlos Olaia; do vice-presidente, Geraldo Luis da Costa, de 74 anos; do tesoureiro, Augusto Dias de Oliveira, de 64 anos; e de Renato Pereira, um sócio de 84 anos. Todos jogavam bocha e se divertiam esbanjando jovialidade. O Clube Jabaquara fica na Rua José Aiélo, 48.

O presidente lembra-se de tudo. Desde o árduo 1957

Os troféus esparramam-se pelas prateleiras do clube (Foto: Sueli Oliveira Silva)

José Carlos Olaia, 58 anos, é aposentado da construção civil. Ele lembra da obra do Jabaquara. “O clube começou a partir de um time de várzea, na Rua Pirapora, na Vila Jundiainópolis.

Eu era criança de 8 anos, mas lembro que o time de futebol saía nos fins de semana, em cima de um caminhão, e lá ia eu com ele em direção ao campo de terra, na parte alta do bairro. Na volta, havia festas organizadas pelo time” – conta.

Em junho, era o mês das festas juninas, que  angariavam verba para uma futura sede do time de futebol. Em 1957, comprou-se o terreno onde viria a ser o Clube Jabaquara, uma grande planície coberta de bambus e bananeiras. 

Com o apoio da comunidade da Vila Jundiainópolis, foi organizado um grande mutirão para construção do clube. “Eu ajudei a carregar alguns carrinhos de concreto para subir os muros e cavei alguns buracos para montar o campo de bocha” –  lembra José Carlos. Em 1962, o Clube Jabaquara foi inaugurado, na Rua José Aielo, 48, onde permanece até hoje. José Carlos é sócio desde criança e disputou alguns campeonatos no time infanto-juvenil (até 14 anos). Quando parou de jogar futebol, ele montou o time Jabaquara Atlético Clube, que disputou a Liga Jundiaiense de Futebol. 

Atualmente, o clube tenta patrocínio para abrir vagas para os jovens carentes, procura professores de musculação para a terceira idade e aceita doação de equipamentos esportivos. O presidente lamenta que  só tenha duas horas por dia para oferecer aos jovens que jogam futsal. “A dificuldade financeira é constante.

A sobrevivência do clube ainda é possível, pois temos a contribuição mensal dos associados e os aluguéis sobre a locação do espaço para pessoas particulares.” Ele afirma que o caixa atual é insuficiente para sustentar a infraestrutura. As atividades que José Carlos pratica atualmente são o jogo de bocha e o jogo de truco. E ele aproveita os momentos livres para confraternizar com os amigos, degustar um churrasco e jogar conversa fora. 

O vice pensa no futuro

Bocha, o jogo dos veteranos (Foto: Sueli Oliveira Silva)

Geraldo Luis da Costa, 74 anos, ferramenteiro aposentado, curte o lazer do Jabaquara, clube de que sempre gostou, desde que se mudou para o bairro de Jundiainópolis – antes ele morava no Centro. Geraldo conheceu o Jabaquara numa época em que ele estava semi-abandonado, seus fundadores haviam brigado e acabara-se a sociedade administrativa da época. “A base do clube era um grupo de comerciantes  do bairro. Por uma disputa de poder, o grupo se dissolveu, o que paralisou suas atividades.”

Sua contribuição para retomada do então clube foi a indicação do espaço para o Partido dos Trabalhadores, que queria um local para, com a realização de eventos, formar um fundo para a campanha política então candidato Antônio Galdino, presidente da Associação dos Aposentados.

O partido foi até o local, vistoriou e aceitou locar o espaço. “As quadras estavam sem pintura, a piscina abandonada e faltavam equipamentos que foram furtados” – lembra ele. Como vice–presidente, Geraldo   procura investidores e apoio financeiro para que o clube volte a ser o mesmo dos anos 60: um lugar que proporcione estrutura e lazer para as famílias da Vila Jundiainópolis.