Os pequenos agricultores e a merenda escolar em Barretos

Três associações rurais do município faturam R$ 342 mil desde o início do ano

João Taveira, em seu bananal, recebe visita do técnico Antônio de Padua, da Casa da Agricultura (Foto: Aquino José)

A pequena produção de alimentos em Barretos está fazendo uso da Lei 11.947/09, que estabelece que o município tem de gastar no mínimo 30% do que recebe de verba do governo federal com a agricultura familiar para abastecer de merenda as escolas do município.

É o que determina o Programa Nacional de Alimentação Escolar. A aquisição dos produtos ocorre por meio de uma Chamada Pública. Na primeira negociação deste ano, os agricultores se comprometeram a fornecer 28 itens, entre os quais estão 91.160 quilos de laranja, 16.400 quilos de tomate, 29.740 quilos de banana, 2.112 quilos de doce caseiro em pasta e 6.620 quilos de repolho. A segunda Chamada Pública de 2011 está prevista para julho.

O engenheiro agrônomo Rolando Salomão, um dos responsáveis pela articulação da entrega dos gêneros alimentícios pelos pequenos produtores, comentou que a adesão de produtores ao Programa deve aumentar. Ele estimou que metade da produção dos agricultores abastece a merenda. O restante é vendido para atravessadores. Uma das propostas é buscar soluções para que as Associações possam negociar sem intermediários.

A inserção no Programa Nacional de Alimentação Escolar das três associações – Associação das Comunidades Rurais de Barretos, Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Vale do Rio Grande e Associação dos Empresários Rurais das Três Barras – está chamando a atenção na região pela forma como é conduzida. Nos dias 18 e 19 de maio, alunos do curso de agronomia da Unesp de Jaboticabal agendaram visita para conhecer o trabalho desenvolvido com a agricultura familiar no município. 

Da suspeita ao crédito de confiança

Seu Abílio, na roça de abobrinhas: um sucesso (Foto: Aquino José)No início do Programa Nacional de Alimentação Escolar em Barretos, os pequenos sitiantes desconfiavam de sua eficácia. Passada a incerteza, a venda da produção para ser consumida na merenda está valendo a pena.

O casal Abílio Polizello Filho e Maria Helena de Oliveira Polizello toca seis hectares no Sítio Floresta, na região da Cachoeira. Eles plantam abobrinha, cheiro verde e laranja. E já pensam em ampliar a variedade de plantio. “Atualmente, dá para tirar mais de um salário mínimo por mês” – afirma a mulher, contente com o aumento da renda familiar.

João Flávio Taveira, presidente da Associação dos Empresários Rurais das Três Barras, no sítio São Francisco, utiliza cerca de oito hectares para produzir para a merenda. Na propriedade, ele tem uma cultura diversificada: planta mamão-formosa, banana-nanica, tangerina, limão-taiti e milho verde, entre outros. Para ele, o Programa está “salvando a vida” do pequeno produtor. “Antes, não tínhamos para quem vender. A produção se perdia” – lembra. “Agora temos uma renda a mais para a família.”

Satisfeito com a comercialização de produtos para a merenda escolar, Júlio César Flávio da Silva, do Sítio Perímetro, em Três Barras, espera que por meio da Associação os produtores abram novos mercados. Ele é um dos grandes fornecedores de tomate para o Programa.