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Câmara de Barretos aprova moção de apoio a José Maria Marin

Presidente da CBF é acusado de estar metido em embrulhadas e ser algoz da ditadura

montagem/divulgação

Marin ganhou o apoio de Juninho – e da Câmara da cidade de Barretos

O octogenário José Maria Marin, ex-governador de São Paulo e presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), está envolvido em negócios nebulosos que vão da compra superfaturada de salas para a entidade, no Rio de Janeiro, até ser um prócer da ditadura.

Porém, na madrugada de 9 de abril, a Câmara de Barretos aprovou moção do vereador Juninho Leite (PTB) de apoio a Marin, “contra a falsidade de declarações a ele atribuídas na morte do jornalista Vladimir Herzog”. A moção teve votos contra do professor Adilson (PT), Carlão do Basquete (PTB), Kiko Miziara (PV), Paula Lemos (PCB) e Thalles do Samu (PSDB). O presidente da Casa, Leandro Anastácio (PTB), pediu que Juninho retirasse a proposta de apoio, mas ele justificou a posição afirmando que Marin é “homem humilde, que ajudou muito o Barretos Esporte Clube”. E lembrou que “ele é cidadão barretense desde 1980, título concedido pelo então vereador Gidrão Mefle Gidrão”.

Preocupado com a exposição da Câmara, o presidente Leandro Anastácio referiu–se a Marin como uma figura ligada à ala radical da ditadura. Já Kiko Miziara (PV) sustentou que Marin é “um safado de mão-cheia, que participou da ditadura e é um ladrão de medalha” – disse, referindo-se ao fato de Marin ter embolsado uma medalha, que seria entregue a um jogador do Corintians, na Copa São Paulo de 2012.

Deops vigiou pessoas e organizações na cidade

Acervo na internet revela quem esteve sob vigilância do governo durante a ditadura militar

O 1º Encontro dos Trabalhadores Rurais de Barretos, realizado no Centro Comunitário do Jardim Califórnia, que discutiu as reivindicações da categoria, foi monitorado pelo Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Deops), conforme registro de 15 de fevereiro de 1985. Da mesma forma uma reunião, realizada em 14 de maio de 1985 pela Associação Rural de Barretos, em que os sojicultores manifestavam desagrado com o preço da soja no mercado e marcavam um protesto.

Em outubro de 1989, o Deops registrou uma notícia do jornal O Estado de S. Paulo, cuja manchete – “Juiz condena vereadores a devolver verba” – anunciava que os 17 vereadores de Barretos teriam de devolver aos cofres públicos parte dos subsídios que receberam. A decisão do juiz Cláudio Marques da Silva atendia a uma ação popular impetrada havia um mês. O protesto estudantil da Fundação Educacional de Barretos, de 2 de agosto de 1983, também está registrado nos arquivos do Estado, assim como o ambiente de tranquilidade em que foi realizada uma reunião, no dia 5, entre os alunos e o presidente do Conselho da Fundação, na qual foi mantido reajuste de 49,5% nas mensalidades.

Outro episódio que consta dos arquivos é o movimento dos apanhadores de laranja de Barretos, em 16 de março de 1984. “Houve reunião no Sindicato entre trabalhadores e empreiteiras, tentando um acordo” – diz a ficha de 16 de maio de 1984. Da mesma forma, a notícia de que operários do Frigorífico Anglo lutavam contra a jornada de 16 horas. “O Sindicato tentou negociar a pauta de reivindicações tirada em assembleia, mas a empresa foi para a mesa-0redonda sem qualquer proposta”. Já em julho de 1986, o Diário de Barretos anunciava que a CUT regional, a Comissão Pastoral da Terra e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais  elaboravam uma cartilha que seria distribuída entre os apanhadores de laranja, contendo informações  sobre as principais reivindicações para o acordo coletivo da categoria.

Por fim, a “comunista de projeção” Elisa Branco Batista, nascida em Barretos em dezembro de 1912, não podia estar fora do alcance da repressão. pois ela atuou politicamente em Barretos, na capital,  em Santos e, pior, foi homenageada em Moscou. Elisa, já morta, é a barretense que possui prontuário de destaque no Deops.