Atletas paralímpicos brasileiros viajam nesta segunda para a Inglaterra

Delegação paralímpica fará, pela primeira vez, um trabalho de adaptação no país sede com toda a equipe antes dos Jogos Paralímpicos, que ocorrerão entre o próximo dia 29 e 7 de setembro

São Paulo – Parte dos atletas paralímpicos brasileiros – 163, do total de 182 – viaja hoje (13) para a Inglaterra, onde disputarão os Jogos Paralímpicos, entre dia 29 deste mês e 7 de setembro. A delegação se hospedará na cidade de Manchester, que fica no noroeste do país. Antes do embarque, os atletas participaram em Guarulhos, na Grande São Paulo, nesta manhã, de uma cerimônia com as ministras Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, e o vice-presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Luiz Cláudio Pereira.

A ministra Eleonora destacou que a importância do evento esportivo vai além da conquista de medalhas. “Não há uma expectativa só de medalhas, pois o esporte paralímpico vai bem em termos de medalhas e deve vir com excelentes resultados, mas é uma participação cidadã, ativa e plena de que o Brasil supera preconceitos”, disse. 

Para a ministra Maria do Rosário, as pessoas com deficiência não devem receber apenas assistencialismo. “Essas pessoas querem ser tratadas com direitos”. A ministra ressaltou ainda a necessidade de garantir a acessibilidade durante os Jogos de 2016. “Nas Olimpíadas que teremos no Brasil, vamos comemorar, além das vitórias que teremos com a nossa delegação paralímpica, a adaptação dos nossos espaços físicos”.

Entre os atletas que viajam está a judoca Daniele Bernardes Milan, da categoria até 63 quilos. A atleta, que tem deficiência visual, conquistou ouro no Campeonato Mundial de Cegos da Associação Internacional de Esportes para Cegos (Ibsa, a sigla em inglês) em abril do ano passado e espera repetir o feito nas Paralimpíadas de Londres. “Estou indo lá para isso, minha meta é essa”, disse.  

Letícia Oliveira Freitas, de 18 anos, soube somente em junho deste ano que estaria nas Paralimpíadas de Londres. A nadadora, que também tem deficiência visual, conta que ficou surpresa com a convocação. “O meu objetivo principal era participar das Paralimpíadas de 2016, quando vi meu nome lá não acreditei”, disse. A maior especialidade de Letícia é o nado borboleta, modalidade que não faz parte dos Jogos de Londres. Por isso, ela precisou modificar seu treinamento para disputar, individualmente, os 50 metros livres, 100 metros livres e  200 metros medley.

No atletismo, André Luiz de Oliveira, de 39 anos, praticamente não tem qualquer movimento na perna esquerda. Destaque do salto em distância, o atleta já conquistou o bronze no Parapan do Rio (2007). André também já foi medalha de prata no revezamento 4×100 metros em Pequim (2008), mas, este ano, será reserva na modalidade devido a mudanças feitas nas regras pelo Comitê Internacional.

“A seleção pode colocar três atletas com deficiência superior e um com inferior. Como na inferior o Alan Fonteles é mais rápido do que eu, ele vai correr. Com isso, o Brasil ficou mais forte, tem mais chance de conquistar o ouro”, explicou.

Nestas Paralimpíadas, o Brasil participa de 18 das 20 modalidades que integram os jogos. Participam, no total, 165 países com 4.200 atletas. Na última edição, em Pequim em 2008, foram quebrados 279 recordes mundiais e o Brasil conquistou o 9º lugar, com 47 medalhas no total – 16 de ouro, 14 de prata e 17 de bronze. A meta da delegação é ficar, no mínimo, entre os sete primeiros no quadro geral de medalhas este ano.

Aclimatação

 
A delegação paralímpica fará, pela primeira vez, um trabalho de adaptação no país sede com toda a equipe antes dos Jogos Paralímpicos. Os 163 atletas se juntam, na Europa, às equipes de hipismo e vela, e também a três fundistas e nove nadadores que já treinam no continente europeu.
 
A maior parte da delegação vai se concentrar na cidade inglesa de Manchester, onde ficará até o dia 22. Lá, os atletas seguem com os treinamentos e fazem alguns amistosos antes das Paralimpíadas.
 
De acordo com o subchefe da missão, Jonas Freire, a aclimatação é importante, pois os atletas terão chance de se adaptar ao novo clima, à mudança de fuso horário e poderão evitar o jet lag – desconforto causado pela diferença de fuso horário. A estrutura em Manchester, segundo Freire, está montada há 15 dias e inclui, entre outros cuidados, a alimentação dos atletas.
 
“Como o nosso costume é diferente do inglês, a gente resolveu levar alguns cozinheiros nossos, um chefe de cozinha e uma nutricionista, para que os atletas possam fazer uma alimentação bem parecida com o que o brasileiro está acostumado”, conta.
 
Na última Paralimpíada, em Pequim (2008), apenas as equipes de natação e atletismo fizeram a aclimatação. Já para os jogos em Londres, um convênio feito com o Ministério do Esporte, por meio do Sistema de Convênios do Governo Federal (Sincov), possibilitou a estadia.
 
Os investimentos do governo federal saltaram de R$ 77 milhões, na Paralimpíada de Pequim, para R$ 165 milhões em Londres. Em 2011 e 2012, foram gastos R$ 19,5 milhões pelo Comitê Paralímpico Brasileiro, na preparação de atletas, compra de materiais, contratação de profissionais, viagens e competições em outros países.
 
Ao longo dos anos, a colocação conquistada pelo Brasil nas Paralimpíadas também evoluiu. Em Sydney (2000), ficou em 24º, em Atenas (2004), o país chegou ao 14º, e em Pequim (2008) subiu para o nono.
 
Uma das esperanças do Brasil para engrandecer o quadro de medalhas em 2012 é Terezinha Guilhermina, a atleta com deficiência visual mais rápida do planeta. “Quero fazer as melhores marcas da minha vida e fazer dessa competição de Londres a principal da minha carreira. Trabalhei muito para chegar aqui bem e espero conseguir mostrar isso nas pistas”, disse a velocista durante a despedida dos atletas hoje.