Eleições 2018

Haddad propõe pacto contra ‘fake news’ e aliança das ‘forças democráticas’

Candidato do PT fez balanço do primeiro turno da eleição presidencial e disse acreditar que os temas econômicos e de segurança pública vão prevalecer no segundo turno

Joka Madruga

“Terei a maior satisfação em sentar com o Ciro. É assim que se faz na democracia”, afirmou Haddad

São Paulo – Alvo de intensa campanha de fake news no primeiro turno das eleições 2018,  o presidencial, o candidato Fernando Haddad (PT) propôs a assinatura de um pacto para que isso não ocorra novamente no segundo turno da eleição que decidirá o novo presidente do Brasil. “Vamos ter que tentar estabelecer um tipo de protocolo ético e fazer um esforço pra ver se eles assinam esse compromisso contra a calúnia e a difamação”, disse, durante entrevista coletiva nesta segunda-feira (8), em Curitiba.

O candidato afirmou que não irá usar no segundo turno a mesma tática da qual foi vítima e lembrou das 35 notícias falsas que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mandou o Facebook retirar de sua plataforma, no sábado (6), véspera das votações. “Não vamos lidar com mentira, disseminação de calúnia. Não entendo o que uma pessoa pode achar que contribui com a democracia espalhar mentira, ofender a honra das pessoas. Gostaria que esses temas afeitos a valores sejam discutidos olho no olho, não me furto de debater.”

Haddad fez um balanço positivo da votação obtida no primeiro turno, destacando que teve apenas 22 dias de campanha e que disputou contra candidatos experientes, como Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSDB). Ponderou que os partidos tradicionais “definharam” na eleição e, mesmo assim, o PT conseguiu ir para o segundo turno da disputa à Presidência de República.  “Foi um feito, com 22 dias de campanha e defendendo um projeto que, acredito, vai restaurar o desenvolvimento com inclusão”, afirmou.

Alianças

Com 31 milhões de votos obtidos no primeiro turno, o candidato petista disse que vai trabalhar para unir as “forças democráticas” do país em torno de um projeto de “restauração”. E citou pontualmente Ciro, Guilherme Boulos (Psol), governadores eleitos pelo PSB, Alckmin, Marina e Henrique Meirelles (MDB).

Sobre Ciro Gomes, terceiro candidato mais votado, adiantou que conversará com o candidato do PDT para ajustar o diálogo e ampliar uma aliança que resgate e perspectiva de reafirmação de direitos e valores democráticos.

“Terei a maior satisfação em sentar com o Ciro e sua equipe, e adequar os programas. É assim que se faz na democracia”, explicou.

Haddad defendeu que todos os temas importantes para o país, e que não puderam ser debatidos no primeiro turno, sejam discutidos agora no segundo. O candidato acredita que a discussão econômica deve prevalecer, explicitada no neoliberalismo defendido por Jair Bolsonaro (PSL) e seu assessor Paulo Guedes, em contraposição ao Estado de bem-estar social proposto pelo programa de governo do PT. “Esse é um núcleo importante da nossa divergência.”

A segurança pública é outro tema em que Haddad acredita que haverá maior interesse no segundo turno. Ao contrário da proposta de Bolsonaro de armar a população, ele disse que prefere, em um eventual governo, dar mais relevância ao papel da Polícia Federal no combate à criminalidade.

“Entendemos que armar a população é desonerar o Estado de sua obrigação. O Estado tem que prover segurança pública. E a Polícia Federal é quem pode prover a inteligência necessária para essas ações.”