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Comunidade LGBT espera Dilma diferente no segundo mandato

Ativista acredita que presidenta cumprirá acordo assumido para o segundo mandato e garantiu que comunidade estará com ela na luta pela criminalização da homofobia e o casamento civil igualitário

Danilo Ramos/RBA

Bill (com megafone) reivindica a criminalização da homofobia durante ato contra intolerância no centro de São Paulo

São Paulo – O ativista Bill Santos, defensor dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e demais identidades de gênero representadas pela sigla LGBT – que foi um dos organizadores de atos contra a homofobia durante as eleições em São Paulo – avaliou hoje (27) que o resultado da eleição deve fazer com que a presidenta reeleita Dilma Rousseff (PT) se posicione mais à esquerda no segundo mandato. “Acho que esta eleição serviu para ela perceber de que lado ela realmente deve estar. Os movimentos sociais apoiaram este governo por conta de toda a trajetória de luta do PT”, afirmou.

Sem esquecer das críticas ao governo Dilma, por não ter se empenhado na aprovação da criminalização da homofobia e ter recuado no programa escola sem homofobia, pejorativamente chamado de kit gay, o ativista acredita que o segundo mandato será um novo momento, com novos compromissos firmados.

“Espero que ela tenha repensado sobre os vários erros que cometeu com a população LGBT. Quando ela disse que seu governo não faria ‘propaganda de opção sexual’, foi um baque muito forte. Foi um desastre para o movimento LGBT”, lembrou Bill, complementando que não existe “propaganda de opção sexual” no programa, mas, sim, um trabalho pedagógico para enfrentar a discriminação e promover o respeito.

O deputado federal reeleito Jean Willys (Psol-RJ) foi porta-voz do movimento LGBT no diálogo com Dilma durante o segundo turno da eleição. Ele e outros parlamentares eleitos do partido declararam voto na presidenta “para evitar retrocessos”, apesar da orientação geral do Psol ter sido em defesa de nenhum voto no candidato derrotado Aécio Neves (PSDB), voto nulo ou em branco.

Willys apresentou uma carta com as principais reivindicações do movimento: empenhar todos os esforços na criminalização da homofobia e na legalização do casamento civil igualitário sem qualquer constrangimento às religiões. Também colocou em pauta a retomada das políticas de combate a Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids, na sigla em inglês), maior atenção às reivindicações dos povos indígenas e a implementação do Plano Nacional de Educação (PNE). A presidenta se comprometeu com as propostas.

“Acreditamos nesse novo diálogo. Avalio que a gente vai reiniciar alguns processos com o governo Dilma. E não só LGBT, mas diversas áreas. Acho que ela está mais madura como presidenta. Agora, a gente vai cobrar os compromissos”, explicou Bill.

Saiba mais:

O ativista minimizou o avanço conservador no Congresso em relação à luta pelos direitos LGBT. Para ele, a pressão dos movimentos sociais, que “estão mais fortes após esse processo eleitoral”, vai ser a diferença nos próximos anos. E Bill espera aliar isso com a maioria do governo no Poder Legislativo.

“A luta nunca deixou, nem vai deixar de ser nas ruas, mas o congresso ainda tem uma maioria de petistas e do PMDB que são a principal base de apoio do governo no Legislativo. Se ela tiver compromisso de verdade, pode influenciar essa discussão e colocar em pauta nossas reivindicações. E aí é na base do grito mesmo, com o povo na rua”, disse Bill.

Segundo Bill, a comunidade LGBT espera que Dilma os receba logo nos primeiros dias do novo mandato, para dar sequência ao diálogo, apresentar pautas, prioridades. E completou. “Ela não precisa se preocupar com o apoio. Porque não é de hoje que o movimento LGBT cobra dela essa atuação. Nós estaremos aqui para apoiar e para cobrar. E para debater e enfrentar os fundamentalistas que quiserem impedir a conquista de direitos pelos LGBT.”