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Haddad afirma que urnas têm recado para opositores: ‘Não se ganha no tapetão’

Prefeito de SP entende que resultado mostra democracia consolidada e recusa ideia de Brasil dividido. Petista elogia prioridade de Dilma por reforma política para 'varrer entulho autoritário'

Alice Vergueiro/Futura Press/Folhapress

Militantes celebram vitória de Dilma na Paulista, onde Haddad discursou celebrando consolidação da democracia

São Paulo – O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), recebeu a vitória da correligionária Dilma Rousseff na disputa pelo Palácio do Planalto como um sinal de força da democracia brasileira. A petista se reelegeu após bater nas urnas o senador Aécio Neves (PSDB), com uma diferença de 51,64% a 48,36%.

Em discurso feito a militantes em festa na Avenida Paulista, Haddad criticou ainda a atitude dos opositores da presidenta durante a campanha eleitoral e elogiou Dilma por ter feito um discurso em que conclamou à união nacional. “Ela venceu uma das disputas mais difíceis da redemocratização do país, mas ela sabe ganhar. Nós aceitamos a democracia e a alternância de poder, mas não aceitamos o desaforo e a humilhação. As urnas deram vários recados para a oposição: não se ganha no tapetão”, afirmou.

Ao longo desta semana houve uma série de ações da mídia tradicional e de opositores na tentativa de evitar a reeleição de Dilma. O caso mais notório foi a divulgação de reportagem da revista Veja acusando a presidenta e Luiz Inácio Lula da Silva de terem conhecimento sobre um esquema de corrupção na Petrobras. A publicação começou a circular na sexta-feira, antes da data usual de distribuição, e foi vista pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como uma manipulação com vistas a interferir no processo de escolha do presidente. Ontem à noite o Jornal Nacional levou ao ar reportagem a respeito da denúncia, num momento em que não haveria tempo hábil para que a coligação encabeçada pelo PT obtivesse direito de resposta.

“O Brasil é uma democracia consolidada. Se ganha com projetos e discursos políticos. Não podemos deixar que dividam o Brasil no meio”, prosseguiu Haddad. “O Brasil é um só. Essa alma é indivisível. Temos de fazer um gesto de unidade, que a presidenta Dilma conclamou. Ela vai começar pela reforma das reformas, para varrer o entulho autoritário do Brasil: a reforma política.”

Haddad saudou ainda um ponto específico do discurso feito por Dilma depois da vitória, no qual deixou claro que a reforma política é sua prioridade para o segundo mandato, com a realização de uma consulta popular a respeito. “Temos de dizer em alto e bom som para a classe política que está no Congresso, na Câmara e no Senado: estamos cansados e queremos a reforma política já.”

Também presente ao ato, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, coordenador da campanha de Dilma em São Paulo, acenou à necessidade de mudanças no sistema partidário. “A reforma política é a bandeira de todos nós. Nós derrotamos a direita raivosa brasileira, mas não foi o Aécio e não foi o PSDB: derrotamos os reacionários que mandam nos meios de comunicação do país.”

Ao mesmo tempo, Marinho admitiu a necessidade de reforçar a atuação do PT no estado, no qual Dilma perdeu para Aécio no primeiro e no segundo turnos. “Temos que dar uma sequência organizativa com os movimentos sociais em São Paulo e no país. Temos que organizar a esquerda popular.”