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UFABC afirma que plano de Alckmin para as escolas não tem embasamento científico

Sem estudos aprofundados, reorganização ganha forma de plano de corte de despesas, com fechamento de escolas

reprodução/TVT

Mesmo com ciclo único, E.E. Tito Lima, em São Bernardo, é alvo de fechamento

São Paulo – Estudo realizado pela Universidade Federal do ABC (UFABC) conclui que o argumento do governo Alckmin de que a reorganização do ensino estadual por ciclos vai melhorar a qualidade do ensino carece de embasamento científico.

Os professores da UFABC alegam que o documento de 19 páginas apresentado pelo governo estadual para justificar o plano de reorganização “não tem qualidade suficiente  para justificar uma política desse tamanho”. Professores da USP e da Unicamp também já haviam se manifestado contrários ao plano.

Segundo o professor de Políticas Públicas Salomão Ximenes, implementar uma mudança como essa, que vai fechar 92 escolas e realocar mais de 310 mil estudantes, não pode ser feita sem diálogo com a sociedade: “Uma decisão desse tipo, de reorganização desse tamanho, não pode ser tomada de uma forma tão açodada, tão apressada e tão autoritária”, diz o professor, em entrevista ao repórter Jô Miyagui, na edição de ontem (02) do Seu Jornal, da TVT.

A escola Tito Lima, em São Bernardo do Campo, é um exemplo das inconsistências apontadas pelo estudo da UFABC. A escola será fechada, apesar de já estar funcionando apenas com alunos da 5ª à 8ª série, como propõe a reorganização. A comunidade não foi consultada sobre as propostas de mudanças e nem sobre os impactos que geraria. Para evitar o fechamento e forçar o diálogo, alunos, pais e professores ocupam a unidade desde o último dia 18.

“Se a escola fechar, vai ser um transtorno para as famílias”, diz a mãe Maria Lúcia da Silva, que está ocupando a escola junto com os filhos. “Acho linda a luta deles em não querer fechar a escola. Veio deles o desejo de ocupar.”

O professor Ximenes pede que o plano de reorganização seja imediatamente suspenso e acredita que a melhor saída para o governo é rediscuti-lo durante o ano que vem, para que se tenha um projeto efetivo de qualificação da educação pública, “não só, o que às vezes aparenta ser, um plano de corte de despesas, uma medida irresponsável de fechar escolas para cortar despesas.”

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