Fechamento de escolas

‘Que reintegração? Alunos estão ali para defender o patrimônio público’, diz estudante

Em solidariedade a colegas que ocupam as escolas Fernão Dias e Cefam Diadema, aluno do Padre Saboia não descarta ocupação em sua escola

Jornalistas Livres/Reprodução

Pedro Vieira: “Estamos tratando de alunos e suas escolas. E eles estão ali para defender sua escola”

São Paulo – O pedido de reintegração de posse da Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, na zona oeste da capital, ocupada desde a manhã de ontem por estudantes contrários à reorganização imposta pelo governo de Geraldo Alckmin (PSDB) “é inválido”. A opinião é do estudante Pedro Vieira, 17 anos, aluno do 2º ano do ensino médio da Escola Estadual Padre Saboia de Medeiros, na Chácara Santo Antônio, zona sul da capital.

“Não entendo de Direito. Mas acho que esse pedido de reintegração é inválido. Estamos tratando de alunos e suas escolas. E eles estão ali para defender sua escola, que é um patrimônio público. Estão defendendo o patrimônio do estado do próprio estado”, afirma.

Presidente do grêmio estudantil e repórter do Saboia News, Pedro esteve no Fernão Dias, ocupado desde a manhã de ontem, e hoje pela manhã, na Escola Estadual Cefam Diadema. “Fui levar o apoio e solidariedade do Saboia a todos esses colegas. Pela conversa que tive nas duas escolas, não haverá trégua. Só vão sair quando o governador voltar atrás”, disse.

O estudante avalia como “uma coisa bonita de se ver” as manifestações em defesa da escola, que considera inspiradas em gerações passadas, que também lutaram por conquistas sociais ou para garantir direitos.

E lamenta que todo esse processo de resistência ao projeto que inclui fechamento de escolas, de ensino no período noturno e demissão de professores e trabalhadores administrativos e de apoio, não tenha sido organizado por grêmios estudantis na maioria dos casos.

“Geralmente, os grêmios são desarticulados e inoperantes. Não estão à frente de toda essa mobilização na maioria dos casos. É vergonhoso isso. Muitas vezes, são coibidos por diretores que não querem alunos politizados.”

Para Pedro, embora o ano letivo de 2015 tenha enfrentado uma greve de três meses seguida pelas manifestações a partir do final de setembro, o ano não foi perdido. “Estamos aprendendo uma importante lição; que podemos nos organizar. E que muitos de nós são muito mais politizados do que imaginavam. Pena que essa consciência tenha aflorado quando ‘a água bateu na bunda’, e os alunos perceberam que suas escolas estavam para ser fechadas ou que vão ser transferidos para outras escolas, sem seus professores”, lamenta.

O Padre Saboia de Medeiros esteve cotado para ser fechado. Está localizado em bairro nobre, área valorizada na mira de interesses imobiliários, e seus alunos vêm de regiões pobres e afastadas – o que sinaliza uma intenção de segregação nesse projeto. “Querem cortar gastos e mandar o estudante pobre para cada vez mais longe, quando o que se quer é estudar em escola pública que funciona, que coloca 90% de seus alunos em universidades de prestígio como aqui”, diz.

A suspeita agora é que a escola venha a ser desativada nos próximos anos, com a continuidade de fechamento de novas unidades admitida pelo próprio governo. Segundo a direção, não há autorização do estado para novas matrículas para 2016.

Por tudo isso, Pedro não descarta a possibilidade de ocupação já na próxima segunda-feira. “Vamos ocupar o Saboia se preciso for.”

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