Novo secretário

Professores criticam Chalita e não veem mudanças com Haddad

Para docentes da rede municipal, que não descartam arranjo político na substituição de Cesar Callegari, mudança é sintoma de que ensino precisa melhorar

CC / Paulo Pinto / Fotos Publicas

Chalita e Haddad: troca de secretários da educação municipal de São Paulo desagradou setor

São Paulo – A substituição de Cesar Callegari por Gabriel Chalita (PMDB) no comando da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo foi recebida com críticas pelos professores. O presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem), Claudio Fonseca, afirmou ter recebido com surpresa  a notícia da troca, já que Callegari se mostrava prestigiado pelo prefeito Fernando Haddad.

“Poucos apostavam que ele sairia. O programa Mais Educação era referencial, conforme o próprio Haddad chegou a afirmar. Instituiu o boletim, gastaram dinheiro para divulgar essas ações. E o prefeito não explica a mudança”, disse.

Para o dirigente, que não descarta a possibilidade de um arranjo para recompor as forças políticas para obter o apoio do PMDB a uma chapa para disputa da reeleição de Fernando Haddad em 2016, a gestão de Callegari, que se destacou principalmente como conselheiro nacional de Educação, foi frustrante.

“Não houve mudanças para melhor; ainda falta diálogo, houve retrocesso na organização do ensino, permanece o déficit de 170 mil vagas na educação infantil e não houve investimentos em infraestrutura, melhoria dos salários e condições de trabalho, enfim, não cumpriu suas promessas”.

Fonseca foi além ao afirmar que vê com apreensão a nomeação de Chalita. Embora o novo secretário ainda tenha de dizer “a que veio” e o que pretende fazer, os seis anos em que esteve à frente da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (2003-2007), não trouxe mudança estrutural.

A gestão, segundo ele, foi marcada pela criação do programa Escola de Família, para abrir as escolas estaduais, aos finais de semana, para ampliar os horizontes culturais da comunidade escolar. “Mas funciona na base do voluntariado”.

O dirigente espera que Chalita chame os professores para se apresentar e mostrar suas propostas para a educação. Caso contrário, a direção do sindicato vai procurar o novo secretário para reafirmar as reivindicações da categoria.

Ex-secretário estadual

A presidenta do sindicato dos professores da rede estadual paulista (Apeoesp), Maria Izabel Noronha, também não poupou críticas ao ex-secretário tucano. Ela lembrou que foi em sua gestão que foi criada a contratação dos docentes temporários, a chamada categoria O, que soma pelo menos 57.541 profissionais, o equivalente a 22,8% do total. Sem benefícios trabalhistas e sem segurança de recontratação, esses professores não se fixam nas escolas, comprometendo o aprendizado dos alunos.

E destacou divergências conceituais com Chalita principalmente em relação à escola de tempo integral. Enquanto ele defende atividades extracurriculares e extraclasse, ela defende o ensino integrado.

Maria Izabel, porém, afirmou que Chalita tinha a disposição para abrir negociação com professores, uma característica comum com Callegari – o que poderia marcar semelhanças na condução das políticas.

O que mais pesa, segundo ela, é a própria trajetória de Haddad à frente do Ministério da Educação, elogiada por ela, que foi fundamental em programas como o Mais Educação, que reorganizou o currículo e a administração, pondo fim à aprovação automática com a possibilidade de reprovação no fim dos ciclos (3º, 6º e 9º anos do ensino fundamental de nove anos) e também nos 7º e 8º anos.

“Haddad enfrentou de forma corajosa a promoção automática e tem condições de olhar para outros pontos da educação, como a questão da carreira”, disse.