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Governo Alckmin quer professores fora da reunião com pais sobre ‘reorganização’

O chamado 'Dia E' foi pensado com a participação de professores, mas com as manifestações e ocupações, secretário Herman Voorwald decidiu que apenas os gestores devem falar com os pais

Eduardo Martins Rosa/Apeoesp

Alunos do Carlos Gomes, em Campinas, fizeram assembleia pela manhã para definir novas manifestações pela cidade

São Paulo – O governador Geraldo Alckmin (PSDB), de São Paulo, determinou a exclusão dos professores da reunião marcada para amanhã (14) em todas as escolas do estado. O encontro, que recebeu o nome de “Dia E”, foi organizado com o intuito de esclarecer a comunidade sobre os detalhes da “reorganização”, as mudanças que haverá em cada escola, o fechamento de ensino noturno quando for o caso e até mesmo da desativação da unidade escolar.

A princípio, a atividade incluía a participação dos professores. Tanto que a data havia sido incluída no calendário como dia letivo. No entanto, com o aumento das manifestações contra a “reorganização” nas ruas e as ocupações de escolas por alunos, o governo mudou de ideia.

Na quarta-feira (11), as Diretorias de Ensino soltaram a circular nº 393/2015 informando, entre outras coisas, que por determinação da Secretaria Estadual da Educação, o “Dia E” não será considerado como dia letivo, não contando, pois, com a presença de alunos e professores. E que professores não deverão e não poderão ser convocados para participar da reunião.

A mudança de orientação na pasta de Herman Voorwald ocorreu em meio a ocupações de alunos, professores e pais em unidades escolares. Na segunda-feira à noite, os alunos ocuparam a Escola Estadual Cefam Diadema, no centro do município de mesmo nome. E na terça-feira, pela manhã, teve início a ocupação na Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, na capital, que foi cercada por policiais da Força Tática e Tropa de Choque.

“Aqui em Campinas, a orientação é que apenas diretores e vices poderão falar com pais sobre a reorganização”, diz o diretor estadual do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) Eduardo Martins Rosa, da subsede Campinas.

De acordo com ele, o sindicato já define como serão as ações em frente às escolas, para esclarecer os pais a respeito dos impactos que a reestruturação dos ciclos, o fechamento de turmas, inclusive no período noturno, além da desativação de escolas em todo o estado. Entre elas, a superlotação das salas de aula, que já vinha sendo denunciada pelos professores.

Segundo Eduardo, na manhã de hoje houve assembleia de alunos na Escola Estadual Carlos Gomes, no centro de Campinas, que vai deixar de oferecer ensino noturno. Outra escola, a Francisco Glicério, não terá mais ensino médio e anos finais do ensino fundamental, ficando apenas com anos iniciais do fundamental.

Revolta

“A situação já é caótica, com escolas sem bibliotecas, laboratórios e sem verba para manutenção, inclusive compra de material de limpeza. A revolta é grande em Campinas. Em muitas escolas, como a Carlos Gomes, a direção não permite nem a organização de grêmios estudantis, conforme a lei”, diz.

Nos últimos dias, conforme o professor, a subsede da Apeoesp tem sido cada vez mais procurada por professores, estudantes e pais em busca de informações sobre a reorganização e de apoio para a realização de atos de protesto contra a medida do governo Alckmin.

Em Diadema, onde está sendo negociada a desocupação da Escola Estadual Diadema, a organização do “Dia E” varia conforme a escola, segundo o diretor estadual da Apeoesp Antônio Jovem. “Há escolas que vão abrir para receber os pais; outras vão dar informações pelo guichê da secretaria mesmo”, diz.

Conforme o dirigente, os professores querem as escolas abertas para todos os pais e alunos, com a participação dos professores e “sem a presença da polícia”.

Como no restante do estado, os professores estão se organizando para esclarecer os pais apesar da determinação do estado de mantê-los longe das escolas.

Em reunião de representantes de escola da Apeoesp, a deliberação é de presença de professores nas imediações das unidades, para esclarecimentos. “Eles (governo) estão querendo tirar a participação dos professores, deixando apenas para os gestores esse esclarecimento”, diz o diretor estadual da Apeoesp, Luciano Delgado, da subsede Guarulhos.