Após violência da PM de Alckmin, sociedade se manifesta contra detenções de estudantes
Movimentos sociais realizarão ato contra detenção de secundaristas. Bancada do PT na Assembleia Legislativa informa que acionou a Justiça: 'dispusemos de nossos mandatos na defesa dos jovens'
Publicado 13/05/2016 - 16h08
Em vez de transporte escular, viatura. Secundaristas que reivindicam ensino e alimentação são levados à delegacia em ônibus da PM
São Paulo – Movimentos sociais promovem um ato público hoje (13) às 17h em solidariedade aos secundaristas detidos hoje em São Paulo. A concentração dos manifestantes acontecerá na Praça do Ciclista, entre as avenidas Paulista e Consolação. Nesta manhã, a Polícia Militar, sem mandado judicial, invadiu ocupações de estudantes em uma Diretoria de Ensino, na zona Oeste, e na Escola Técnica São Paulo (Etesp), na região central da capital. Ao todo, 34 estudantes foram encaminhados para delegacias.
Em nota, a bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo informou que deve acionar a Justiça contra a ação promovida pela gestão de Geraldo Alckmin (PSDB). “Sem autorização judicial, estudantes foram arrancados das escolas por policiais fortemente armados e levados às delegacias, numa flagrante afronta ao regramento jurídico e quebra dos parâmetros do Estado Democrático de Direito “, informa o documento assinado pelo deputado estadual José Zico Prado. “Acionamos profissionais profissionais da nossa assessoria jurídica (…) acionamos ainda o Conselho Tutelar, a Defensoria Pública e dispusemos cada um dos nossos 14 mandatos na defesa dos jovens“, completa.
Alguns estudantes realizam neste momento uma assembleia na Casa do Povo, próximo ao metrô Tiradentes. Entre os estudantes e apoiadores do movimento, existe receio em relação a atual conjuntura política do país. Ontem, Alexandre de Moraes, ex-secretário de Segurança Pública da gestão tucana paulista assumiu o Ministério da Justiça e da Cidadania do governo interino de Michel Temer. “O governo parece que não precisa mais passar pelo Judiciário. Querem punir ocupantes. Hoje, a informação é de que Alexandre de Moraes se prepara para enfrentar movimentos sociais”, disse um estudante.
Outro temor presente entre os secundaristas é a fraude processual. Eles realizam assembleias periódicas para reforçar a importância da manutenção da ordem nas ocupações. Advogados ativistas vêm alertando para a necessidade de fotos que provem que não existem danos ao patrimônio. O medo é de que, após realizada a reintegração, agentes públicos vandalizem as instalações para incriminar os jovens.
“Há algum tempo percebemos o recrudescimento da opressão do governador Geraldo Alckmin, que usa de violência policial para criminalizar e reprimir as manifestações e denúncias apontadas por aqueles que exercem a cidadania e cobram seus direitos”, diz a nota do PT. Os estudantes cobram o governo estadual pela investigação no escândalo da máfia da merenda, que envolve diretamente o presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez (PSDB). Outra pauta dos estudantes é contra o sucateamento das escolas técnicas.