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Plano de Educação paulista revela descompromisso de Alckmin com o setor

Secretário anunciou dificuldade no cumprimento de metas, irritando estudantes e educadores, que querem novas fontes de financiamento

REPRODUÇÃO/tvt

Plano estadual estabelece 21 metas que deverão ser cumpridas pelo governo de SP nos próximos dez anos

São Paulo – O Plano Estadual de Educação (PEE) de São Paulo, sancionado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) na semana passada, desagradou a comunidade acadêmica, estudantes e professores, que reclamam da falta de previsão de novas fontes de financiamento. Irritou ainda mais a declaração do secretário da pasta, José Renato Nalini, que diz ser difícil o cumprimento das metas constantes do plano, principalmente aquelas que exigem maiores investimentos, como a valorização dos profissionais de ensino.

“Essa declaração demonstra pouco interesse, de fato, do governador em cumprir essas 21 metas”, afirma Emerson Santos, presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes), em entrevista à repórter Michelle Gomes, para o Seu Jornal, da TVT.

O PEE estabelece 21 metas que deverão ser cumpridas pelo governo de São Paulo nos próximos dez anos, entre elas, a erradicação do analfabetismo, universalização do ensino em todos os níveis, ampliação do ensino em tempo integral, gestão democrática da educação e plano de carreira para os profissionais da educação básica e superior da rede pública estadual.

O Fórum Estadual de Educação apresentou proposta que previa novas fontes de financiamento para o cumprimento das metas, mas o projeto foi ignorado pelo secretário de Educação e pela Assembleia Legislativa, que votou o PEE. “Havia, por exemplo, a previsão de revisar alguns impostos, como de transmissão de herança e o IPVA, ampliando fontes de financiamento que agregassem às atuais. Esse debate não aconteceu”, afirma Luis Serrao, da Ação Educativa, entidade que compõe o Fórum.

O deputado estadual Carlos Giannazi (Psol), membro da comissão de Educação da Assembleia Legislativa, destaca que o Plano Estadual, aprovado com um ano de atraso, foi elaborado pelo governo apenas para garantir os recursos do governo federal.

“Como agora tem essa punição – o estado que não aprovar o Plano Estadual de Educação não recebe dinheiro do governo federal – então, o governo Alckmin resolveu, a toque de caixa, aprovar um plano muito ruim para o estado de São Paulo, que veio de cima para baixo, sem a participação dos estudantes, dos alunos e da comunidade escolar”, denuncia Giannazi.

De acordo com nota oficial enviada à redação, a Secretaria da Educação, durante a construção do plano foram consultadas mais de 70 entidades representativas do magistério, funcionários, instituições privadas e de pesquisa. “Todos puderam apresentar  ideias a fim de colaborar para a definição dos pontos e a proposta foi encaminhada para apreciação da Pasta e do Conselho Estadual”, afirma a nota.

Ainda segundo a pasta, “o momento pelo qual passa o Brasil é muito delicado, já que a forte crise econômica assola todos os brasileiros. Mesmo assim, o Estado está empenhado em cumprir tudo aquilo que foi estabelecido pelo Plano.”  E que “São Paulo já está à frente em metas como a de alfabetização de crianças no máximo até o 2º ano do Ensino Fundamental e universalização do atendimento de toda população de 6 a 14 anos de idade, antes do período estipulado pelo PEE.”