Incerteza

Último Copom antes de novo governo mantém taxa de juros, que dobrou sob Bolsonaro

Depois de cinco altas, Selic está em 13,75% desde agosto. No início do governo, era de 6,5%

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Os mais relevantes e estratégicos assuntos da política global passam pelas mesas do grupo que reúne mais de dois terços da população mundial

São Paulo – Na oitava e última reunião de 2022, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter – pela terceira vez seguida – a taxa básica de juros em 13,75% ao ano. A Selic está nesse patamar dede agosto, após uma sequência de cinco altas.

Logo na primeira reunião do ano, em fevereiro, o Copom aumentou a taxa básica em 1,5 ponto percentual, de 9,25% para 10,75%. Em março e maio, mais um ponto em cada reunião, acrescentando 0,5 em junho e em agosto. Desde então, a Selic é mantida. Assim, em 2022 os juros subiram 4,5 pontos percentuais. A inflação, por sua vez, ficou meses em dois dígitos (em 12 meses), caindo durante o período eleitoral e voltando a subir imediatamente depois. Na próxima sexta-feira (9), o IBGE divulgará o resultado do IPCA e do INPC de novembro.

O governo Bolsonaro começou com 6,5% e chegou a reduzir a Selic para 2%, no menor nível da história. Mas voltou a subir a taxa desde março do ano passado. Foram 12 altas seguidas – o maior ciclo de aumentos –, para 13,75%, mais que o dobro do início do mandato.

Decisão já esperada

A decisão confirmou expectativa da maioria dos analistas. “O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários”, afirmou o Copom logo depois do encerramento dos dois dias de reunião, na noite desta quarta-feira (7). Entre os riscos destacados pelo colegiado do BC, estão “maior persistência das pressões inflacionárias globais” e “elevada incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país”.

Assim, a sinalização, por enquanto, é de manutenção da taxa. O Copom diz qu se manterá “vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação” (para as metas fixadas anualmente)”. Mais adiante, afirma que “não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.

A próxima reunião, já sob o governo Lula, será em 31 de janeiro e 1º de fevereiro. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, continuará no cargo pelo menos até o final de 2024, devido à lei de autonomia da instituição.