mais gado do que gente

Rebanho bovino cresce 4,3% e atinge novo recorde no Brasil

Quantidade de aves e suínos também registrou recorde no país. Produção de todos os produtos da pecuária chegou a R$ 116,3 bilhões no ano passado, aumento de 17,5%

CNA/Wenderson Araujo/Trilux
CNA/Wenderson Araujo/Trilux
Mato Grosso é o estado com o maior rebanho bovino, com 34,2 milhões de cabeças de gado

São Paulo – Com alta de 4,3%, o rebanho bovino do país bateu recorde da série histórica, iniciada em 1974, e chegou a 234,4 milhões de cabeças de gado, no ano passado. Os dados são da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), que o IBGE divulgou nesta quinta-feira (21). Assim, como vem ocorrendo ao menos desde 2003, o número de cabeças de gado superou mais uma vez o total da população brasileira, que é 203 milhões de habitantes, de acordo com o último Censo Demográfico divulgado em junho.

Com 77,2 milhões de animais, o Centro-Oeste é a principal região produtora de gado. Mas o maior aumento de rebanho ficou com o Norte, impulsionado pelos pastos de Rondônia, do Pará, Tocantins e Acre. 

A criação de gado cresceu em todas as Grandes Regiões. Por estado, Mato Grosso lidera com 34,2 milhões de cabeças, o que corresponde a 14,6% do total. Em seguida veio o Pará (10,6%), ultrapassando Goiás (10,4%). No ranking municipal, São Félix do Xingu (PA) manteve a liderança, alcançando 2,5 milhões de cabeças.

Assim o valor de produção de todos os produtos pecuários levantados na pesquisa, incluindo os da aquicultura, chegou a R$ 116,3 bilhões, significando um aumento de 17,5%. A produção de leite concentrou 68,8% deste valor, seguida pela produção de ovos de galinha (22,4%).

No ranking municipal, considerando os seis principais produtos (leite, ovos de galinha, ovos de codorna, mel, lã e casulos de bicho-da-seda), Santa Maria de Jetibá (ES) apresentou o maior valor da produção, com R$ 1,6 bilhão, dos quais 95,0% são provenientes da venda de ovos de galinha, produto no qual lidera o ranking. Castro (PR) assumiu a segunda posição com R$ 1,2 bilhão, 98,7% proveniente da produção de leite. Bastos (SP) fecha o TOP3, sendo o segundo maior produtor nacional de ovos de galinha.

Leite

Apesar de responder pela maior parte do valor, a produção de leite diminuiu 1,6% no ano passado, ficando em 34,6 bilhões de litros. De acordo com o IBGE, a redução ocorreu pelo fato de a criação de vacas ter ficado mais onerosa para pequenos produtores. Isso porque os pequenos produtores têm abandonado a produção, preferindo arrendar suas terras, devido ao aumento do preço dos insumos.

No entanto, mesmo com essa leve redução, o valor total da produção leiteira aumentou 17,7%, alcançando R$ 80 bilhões. Isso mostra que o preço médio pago pelo leite ao produtor foi de R$ 2,31 – aumento de 19,7% em um ano.

“O preço do leite continuou em ritmo de crescimento no ano de 2022, fruto da baixa oferta do produto, que levou a uma competição mais acirrada por parte dos laticínios, atingindo cotações recordes ao longo do terceiro trimestre, e aumento das importações ao longo do ano”, afirma a pesquisa do IBGE.

As regiões Sul e Sudeste são as maiores produtoras de leite. Cada uma responde por um terço da produção nacional. Minas Gerais tem a maior produção estadual. Foram 9,4 bilhões de litros, o equivalente a 27,1% do total do país. Castro, no Paraná, é o campeão municipal, com 426,6 milhões de litros.

Aves 

A produção de galináceos (grupo que inclui galinhas e aves para corte, como frango) também registrou recorde, com aumento de 3,8%, chegou a 1,6 bilhão de cabeças. Metade (49,3%) desse contingente fica em granjas da Região Sul. O Paraná é o destaque, com 29,7% do total nacional. 

Quando se leva em consideração apenas a quantidade de galinhas, a Região Sudeste lidera o ranking nacional, com 91,2 milhões dos 259,5 milhões de todo o país. O estado de São Paulo sozinho tem 21,2% de todas as galinhas que existiam no Brasil em 2022. 

A produção de ovos de galinha também foi recorde no ano passado. O país produziu 4,9 bilhões de dúzias, 1,3% a mais que no ano anterior. O preço do ovo subiu 17,6%, fazendo crescer o valor total da produção brasileira, que apresentou alta de 19,1%, chegando a R$ 26,1 bilhões.

Apesar de o ovo ter ficado mais caro, o IBGE explica que a concorrência com outros tipos de proteína manteve aquecida a demanda. “Em 2022, com a elevação generalizada dos preços no setor de proteína animal, o ovo ganhou ainda mais destaque, sendo uma opção mais acessível aos consumidores, uma fonte relativamente mais econômica em comparação às carnes”, explica o IBGE.

Suínos 

Mais um recorde da pecuária brasileira é representado pela quantidade de suínos, que atingiu 44,4 milhões de animais, alta de 4,3% em relação a 2021. De acordo com o IBGE, o consumo interno também seguiu em crescimento (7,8%), chegando a 18 quilos por pessoa no ano. A Região Sul concentrou 51,9% do total de suínos, sendo Santa Catarina o estado líder, com 22,1% do rebanho nacional, o que equivale a 9,8 milhões de cabeças.