elites

Quer mudar para Miami? Pergunte-me como…

Advogada especialista em imigração orienta o que a classe alta deve fazer para 'deixar o Brasil' e viver nos Estados Unidos

stock photo / divulgação

Miami: brasileiros compraram 11% dos imóveis vendidos no ano passado no sul da Flórida com gasto médio de US$ 495 mil em cada compra

São Paulo – Após as redes sociais estamparem que os brasileiros foram os responsáveis pela compra de 60% dos imóveis de um condomínio de luxo na Flórida, Estados Unidos, neste ano, uma advogada com experiência em visto americano, Ingrid Baracchini, escreveu um artigo com orientações sobre o que a classe alta deve fazer para “deixar o Brasil”.

Na última semana, o blog Plantão Brasil divulgou que mais da metade dos proprietários de um condomínio privado em Miami, que deve inaugurar a primeira torre em julho de 2016, são brasileiros. O jornal Miami Herald também destacou em reportagem a representatividade da elite brasileira no setor imobiliário dos Estados Unidos.

Em artigo no diário norte-americano, o membro do Conselho da Associação de Corretores de Imóveis da Flórida, Peter Zalewski, afirmou que os brasileiros compraram 11% dos imóveis vendidos no ano passado no sul da Flórida e ressaltou o elevado gasto dessas compras: em média US$ 495 mil em cada compra (o equivalente a cerca de R$ 1,5 milhão), acima da média geral, de US$ 444 mil.

Pensando naqueles que ainda não “deixaram o Brasil”, a advogada especialista em imigração e visto americano, Ingrid Baracchini, elencou como requisitos para entrar nos Estados Unidos “ter boa reputação”. Entre os diversos caminhos para imigrar estão, segundo ela, investir US$ 500 mil para obter um tipo de visto (EB5) ou, ainda, ter uma empresa no Brasil e abrir a filial no país americano.

O número de brasileiros que decidem sair de vez do país também cresceu nos últimos anos. Segundo dados da Receita Federal, entre 2011 e 2015 as solicitações da Declaração de Saída Definitiva do país aumentaram 67%, sendo que, em 2011, foram 7.956 declarações recebidas e em 2015 o número de pedidos aumentou para 13.288 pedidos de migração definitiva.

Um exemplo é o empresário Junior Durski dono da rede de restaurantes Madero, com 63 unidades no Brasil. Segundo reportagem da revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, o empresário acaba de abrir uma nova casa de lanches em Miami, nos Estados Unidos. Outra empresária brasileira que fez o mesmo é a gaúcha Larissa Piazzi, inaugurando a brigaderia Made With Love, em Miami.

Entre os destinos favoritos dos brasileiros está a Flórida. Visto antes como um local para passar as férias, o Estado virou alvo de brasileiros que decidem investir e morar nos Estados Unidos. Segundo dados da Associação dos Corretores de Imóveis dos Estados Unidos, os brasileiros costumam investir cerca de US$ 587 mil em residências na região. Ainda segundo o levantamento, desde 2008, 23 mil casas foram vendidas para brasileiros.

Para cada tipo de viagem aos Estados Unidos, é necessário um tipo específico de autorização para entrar no país, o chamado visto americano, que tem diversas categorias.

“A imigração não vai ensinar o que a pessoa precisa fazer para ir morar nos Estados Unidos e também não vai guiar quais os caminhos mais adequados e rápidos para esse processo de imigração. Por isso, ter a assessoria de alguém que conheça as leis do país, que tenha contatos com outros especialistas diretamente nos Estados Unidos e que conheça o tramite evita um gasto excessivo, uma possível negativa e a morosidade do processo”, disse a advogada especialista em visto americano, Ingrid Baracchini, que atende clientes no Brasil.

Para se planejar desde já e ir morar ou trabalhar nos Estados Unidos, ela explica que as principais exigências são: não estar cumprindo nenhum tipo de penalidade com a imigração e nem ter tido problemas com a entrada sem inspeção na fronteira.

Boa reputação

De acordo com a advogada, o importante é o interessado ter boa reputação, tanto no Brasil como nos EUA. A advogada explica que não há um valor específico em dinheiro para levar e iniciar a nova vida por lá, mas se o imigrante entrar com valor igual ou maior que US$ 10 mil deverá declarar na imigração americana. Apesar disso, talvez tenha de comprovar renda e mostrar que está levando uma quantia necessária para a subsistência no período indicado.

Confira dicas de como deixar o Brasil e abrir o próprio negócio nos EUA, pela advogada Ingrid Baracchini

Reprodução/GGN
Segundo advogada, investimento de US$ 500 mil pode ser caminho para o Green Card

Investir US$ 500 mil nos Estados Unidos para obter o visto EB5
Nesse caso, você investe num “regional center” (que administra projetos de investimento) e recebe o visto EB5, que é válido por até dois anos. Se o projeto investido por você demonstrar que gerou, no mínimo, dez empregos, você terá a troca do EB5 por um Green Card, que terá validade por dez anos e, após cinco anos, poderá se naturalizar como cidadão norte-americano.
Para dar início a esse processo de investimento nos EUA, é preciso ter US$ 500 mil (período da criação da empresa até a obtenção do documento definitivo). Se o investimento der certo, essa quantia é devolvida ao investidor depois, entre 5 e 7 anos.

Ter uma empresa de porte médio/grande no Brasil e abrir filial nos EUA
É possível a abertura de uma filial brasileira nos Estados Unidos. O ramo de atuação pode ser diverso do praticado no Brasil e não há um valor mínimo para investir. No entanto, o empresário deve desenvolver um “business plan” (plano de negócios) de três anos, fazendo um planejamento orçamentário do seu negócio, quanto será investido e deverá comprovar que a empresa brasileira tem capital para esse investimento. Esse caso é beneficiado pelo “premium processing” e pode ser julgado em 15 dias úteis. Em casos de start-up, o visto é concedido por um ano com extensões de 2 em 2 anos até o máximo de 7 anos.

Dica
A imigração pode solicitar o Request Further Evidence (RFE), uma espécie de pedido de informação adicional. Ingrid explica que isso significa que o processo não foi negado, mas que a imigração quer mais informações antes de tomar uma decisão.
“A imigração tem o direito de pedir o que quiser e julgar necessário para tomar uma decisão. Os documentos solicitados podem ser desde uma foto, um documento adicional ou uma carta de referência, por exemplo. O importante é não atrasar a entrega desses documentos pedidos por eles”, observa Ingrid Baracchini.

Green Card
A residência permanente nos EUA também conhecida por Green Card permite ao cidadão estrangeiro residir como se americano fosse. É possível conquistar o Green Card por meio de investimento (visto EB5), parentes americanos (cônjuge, filhos, pais ou irmãos) ou por meio de vistos de não-imigrantes de trabalho, que podem vir a ser requisitados pelo empregador caso preencham os requisitos legais.