Perspectivas

Guilherme Mello: país tem de superar crise no Legislativo para voltar a crescer

Economista acredita em recuperação da economia brasileira para o próximo ano, com aumento do investimento público, mas antes é preciso superar crise política, vencendo ameaça do impeachment

arquivo/ABr

Petróleo e gás e infraestrutura devem atrair investimentos em 2016

São Paulo – Para o economista Guilherme Mello, professor de economia da Unicamp, o próximo ano pode ser melhor, com a retomada do crescimento, mas para isso o governo precisa superar a crise política. “Tem que se resolver rapidamente a questão do impeachment, superar esse debate do golpe, tirar ele de lado.”

Em comentário para o Seu Jornal, da TVT, Mello aponta também para a necessidade de o país ir adiante em relação aos efeitos da Operação Lava Jato na economia, dada a a paralisia em setores importantes, como petróleo e gás e infraestrutura e seus respectivos impactos em uma cadeia produtiva que envolve 50 mil empresas e 500 mil empregos.

Em 2016, com o avanço dos acordos de leniência, com as empreiteiras superando, pagando as multas e podem voltar a prestar serviço para o governo, com a Petrobras em uma situação já mais equilibrada, do ponto de vista do preço dos combustíveis, é possível que esses setores voltem a investir e a promover o crescimento econômico do país”, afirma o economista.

A crise mundial, com fatores como a desaceleração da economia chinesa, também contribuiu negativamente para a recessão no Brasil. “Além da China, outros polos importantes, como Japão e Europa, continuam em cenários extremamente delicados. O preço das commodities, muito importante para as nossas exportações, está muito baixo, e tende a permanecer baixo no próximo ano”, analisa.

Mello considera ainda que o governo, ao tentar fazer o ajuste na economia de uma só vez, acabou provocando mais recessão. “O governo utilizou todos os instrumentos que ele tinha à disposição para equilibrar alguns preços da economia, como tarifas públicas, câmbio, que estavam fora do lugar, e ao mesmo tempo promoveu uma desaceleração da economia para combater a inflação. Esse ajuste custou caro para o trabalhador brasileiro, para a colônia brasileira.”

Para o professor, alguns componentes da crise, como a inflação, ainda devem interferir no cenário de 2016 e, por isso, há uma necessidade de mudança de rumo da economia, por parte do governo, com mais investimentos públicos. “É hora de superar esse momento de ajuste e passar a se concentrar em como recuperar o caminho do crescimento e desenvolvimento.”