Isolamento

Com parada nas montadoras, produção industrial brasileira despenca em abril

Setor automobilístico praticamente parou, com queda em torno de 90%. Para IBGE, queda da produção industrial em abril evidencia impacto do isolamento social

Divulgação
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Produção de automóveis e caminhões, que já havia sofrido queda forte em março, ficou quase inteiramente paralisado no mês seguinte

São Paulo – A produção industrial brasileira caiu 18,8% de março para abril, maior queda na série histórica do IBGE, iniciada em 2002. Em dois meses, refletindo os efeitos da pandemia, a atividade acumula retração de 26,1%. O setor automobilístico, quase parado, foi o principal responsável pelo resultado.

Na comparação com abril do ano passado, o tombo na produção industrial é ainda maior: 27,2%, outro recorde negativo e sexta queda seguida. De acordo com o instituto, que divulgou a pesquisa nesta quarta-feira (3), a indústria cai 8,2% no ano e 2,9% em 12 meses.

A diminuição da atividade atingiu as quatro categorias pesquisadas e 22 dos 26 ramos. Ficou evidenciado o “aprofundamento das paralisações em diversas plantas industriais, devido ao isolamento social”. O resultado do segmento de veículos automotores, reboques e carrocerias mostra uma paralisação quase total em abril: retração de 88,5%.

Foi o resultado de “paralisações/interrupções da produção ocorridas em várias unidades produtivas”. No mês anterior, o setor automobilístico já havia sofrido queda de 28%. Só agora as fábricas começaram a retomar atividades, ainda assim abaixo do nível normal.

Comida e remédio

Outros setores também puxaram a atividade para baixo, destaca o IBGE. Destaque para produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-18,4%), metalurgia (-28,8%), máquinas e equipamentos (-30,8%), bebidas (-37,6%), produtos de borracha e de material plástico (-25,8%), produtos de minerais não-metálicos (-26,4%), produtos de metal (-26,8%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-33,8%), entre outros. Entre as exceções, o instituto cita as altas de produtos alimentícios (3,3%) e de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (6,6%) – o que pode se explicar pela maior demanda durante a pandemia.

Em relação a abril de 2019, o IBGE apurou queda novamente nas quatro categorias econômicas, em 22 dos 26 ramos, em 72 dos 79 grupos e em 80% dos 805 produtos pesquisados. “Além do efeito-calendário negativo, já que abril de 2020 (20 dias) teve um dia útil a menos do que igual mês do ano anterior (21), observa-se a clara diminuição do ritmo da produção por conta da influência dos efeitos do isolamento social”, diz o instituto.

Novamente a atividade de veículos automotores, reboques e carrocerias teve a maior influência negativa, com retração de 92,1%. O instituto cita a pressão dos itens “automóveis, caminhões, caminhão-trator para reboques e semirreboques, veículos para o transporte de mercadorias e autopeças”. A metalurgia cai 33,7%, o setor de máquinas e equipamentos recua 41,3% e o de bebidas, 50,7%.

Entre as poucas com alta na comparação anual, estão indústrias extrativas (10,1%) e produtos alimentícios (6%). Também tiveram resultado positivo os ramos de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (4,9%) e de celulose, papel e produtos de papel (1,0%).