Mensagem de compromisso

Nomeado, Pochmann destaca a ‘soberania dos dados’ para o planejamento do país

Economista e professor ressalta que o IBGE, que vai presidir, é “instituição do Estado”

Pedro França/Agência Senado
Pedro França/Agência Senado
"As informações e a soberania dos dados se transformam em ativos incomparáveis para impulsionar o futuro desta e das próximas gerações", diz o futuro presidente do IBGE

São Paulo – O decreto com a nomeação do economista e professor Marcio Pochmann, 61 anos, para a presidência do IBGE foi publicado na edição desta terça (8) do Diário Oficial da União (DOU), assinado pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa. A data de posse ainda não foi marcada. Em texto e com letras maiúsculas, ele cita o IBGE como “INSTITUIÇÃO DE ESTADO”.

Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1984) e com doutorado em Ciência Econômica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp, 1993), Pochmann já foi presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea, 2007 a 2012) e secretário municipal, em São Paulo, do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade (2001 a 2004). Por sua vinculação com o PT – até poucos dias atrás, presidia o Instituto Lula e já dirigiu a Fundação Perseu Abramo –, teve o nome questionado entre comentaristas da imprensa comercial. Algo que, por sinal, não aconteceu com economistas com outras tendências políticas ou com maior proximidade do chamado “mercado”.

Planejamento tem “centralidade”

Por meio de mensagem divulgada em rede social, Pochmann afirmou hoje que “o planejamento assume centralidade ante um novo Brasil, que emerge desafiado pelo inédito potencial da Era Digital”. Citou a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet – o IBGE está subordinado a essa pasta. E também o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmando que o país vive “um novo quadrante da história”. O economista destacou a importância de dados confiáveis para a gestão.

“Nesta nova dimensão, as informações e a soberania dos dados se transformam em ativos incomparáveis, pela sua singularidade, para impulsionar o futuro desta e das próximas gerações do Brasil”, escreveu Pochmann. “É neste marco temporal que eu agradeço sinceramente aos que acompanham a minha trajetória de envolvimento permanente nas lutas democráticas e transformadoras da sociedade brasileira.”

Questionamento do neoliberalismo

Pesquisador do mundo do trabalho, Pochmann ganhou o Prêmio Jabuti em 2002 com o livro A Década dos Mitos (Editora Contexto, 2001). Foi definido como “um necessário contraponto às teses neoliberais que se fizeram hegemônicas no país, notadamente durante a década de 1990”.

“Os estudos e pesquisas proporcionaram-me oportunidades de conhecer de perto todas as regiões do país, em especial as áreas mais dependentes de políticas voltadas à superação do subdesenvolvimento e dependência externa, combate à fome, pobreza, desigualdade, desemprego, violência e iletramento”, escreveu Pochmann. “O resultado desse sistemático empenho, lavrado ao longo de vasto tempo, se apresentou em diversos projetos e experiências que se entrelaçaram em um esforço fundamental para o desenvolvimento de políticas de geração de emprego e renda, combate à miséria e às iniquidades socioeconômicas e regionais do país.”

Democracia e partidos

Em sua mensagem, ele agradece aos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber. Além deles, destaca o conjunto dos responsáveis pelas unidades federativas, bem como às iniciativas internacionais de protagonismo emblemático para o nosso país em sua inserção soberana no contexto global”. Cita, então, o Brics e a presidenta do NDB (New Development Bank), Dilma.

Define-se como “militante que sempre confiou na vida democrática e no papel insubstituível dos partidos políticos para a construção do futuro com desenvolvimento, justiça e equidade”, agradecendo a presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR). No final, Pochmann cita ainda o advogado e estatístico Mário de Freitas (1891-1956), idealizador do IBGE, criado em 1934 e instalado em 1936 como Instituto Nacional de Estatística. A partir de 1938, passou a se chamar Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, nome mantido até hoje.


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