Mobilidade verde

Metalúrgicos querem empregos e conteúdo nacional em programa para o setor automotivo

Lançado pelo governo para fomentar investimento de R$ 100 bilhões em veículos limpos, programa Mover tem o desafio de não repetir os erros do passado, quando os incentivos ficaram restritos às montadoras, sem contrapartida social

Toyota / Divulgação
Toyota / Divulgação
Revitalização da cadeia automotiva deve trazer incentivos à produção de veículos híbridos

São Paulo – O governo espera que o Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), lançado na terça-feira (26), proporcione um aumento de 20% na produção de automóveis no Brasil. O foco deverá ser o incentivo à produção de carros híbridos, como mostra a reportagem de Daiane Ponte no Seu Jornal, na TVT, que traz a avaliação de metalúrgicos sobre o programa.

A cerimônia de regulamentação do Mover teve a participação do presidente Lula. O programa deve promover a descarbonização dos automóveis do país, com créditos financeiros a empresas do setor automotivo.

Por meio de incentivos fiscais, a ideia é fomentar a sustentabilidade da frota de carros, ônibus e caminhões, além de estimular o desenvolvimento de novas tecnologias nas áreas de mobilidade logística. Para isso, serão investidos R$ 100 bilhões até 2028.

“É importante a questão do acompanhamento, do cumprimento dessas metas. E é isso que eu coloco. E de que forma que vai ser feito isso? Quais são essas metas? Isso está bem claro dentro do programa? Quem vai acompanhar, quem vai fiscalizar?”, questiona o secretário geral da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT), Renato Carlos de Almeida.

Ele diz que o programa não deve cometer os mesmos erros do passado, quando as empresas do setor automotivo tiveram benefícios fiscais, mas não criaram empregos. “Algumas até demitiram, outras saíram do país. Enfim, a gente precisa estar atento a esse movimento para que consigamos avançar e de fato ter um mundo melhor, mais limpo. Deixar o mundo melhor para as novas gerações”.

Conteúdo nacional

Para o presidente da Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos (FEM-CUT/SP), Erick Pereira da Silva, o Mover retoma uma situação que aconteceu no Inovar Auto, outro programa de estímulo à produção automotiva, celebrado em 2020. “Não adianta a gente produzir um monte de carro no Brasil com um monte de componente importado, isso inclusive lasca com a nossa balança comercial”, afirma. Segundo Erick, é fundamental que o conteúdo nacional seja contemplado no novo programa.

Carros híbridos

Durante o evento de lançamento do Mover, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, ressaltou o incentivo à produção de carros híbridos com a revitalização a cadeia, inclusive do setor de autopeças, além de qualificar a mão de obra e gerar emprego e renda.

“É necessário a geração de emprego, a manutenção dos empregos que já existem, tem a questão de você preparar os trabalhadores para esse processo de transformação, de digitalização, na qualificação e, como falei anteriormente, tem que cobrar de fato as empresas para que invistam na pesquisa, no desenvolvimento, na inovação, é preciso acompanhar isso”, afirma Almeida.

“Nós somos produtores de etanol, nós temos uma história muito bem-sucedida de utilização de combustível vegetal e renovável. A emissão de CO2, quando você pega a eliminação de CO2, isso que a produção da cana significa, ela quase que zera o nível de emissão de CO2, isso rebaixa grandemente”, avalia Erick.

“Então, isso é um tema que a gente falou muito. E que tem tido muito compromisso, muito retorno, muito empenho do governo nesse momento. A gente falou muito também sobre a base tecnológica. Nós temos que ter um projeto tecnológico nacional. E nós temos o carro Flex, um outro sucesso grande da engenharia nacional”, conclui Erick.