Mercado de trabalho mais fraco derruba taxa de desemprego

Em São Paulo, índice ficou em um dígito pela primeira vez em mais de 20 anos, segundo pesquisa Seade/Dieese. Na média das regiões pesquisadas, patamar é o menor da série

São Paulo – Se o mercado de trabalho se mostra mais fraco, pelo menos em São Paulo, isso resultou na menor taxa de desemprego em mais de 20 anos, segundo a pesquisa da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A taxa de outubro ficou em um digíto (9,9%) pela primeira vez desde janeiro de 1991. Na média das sete regiões pesquisadas, o desemprego caiu para 10,1%, menor índice da série. Não foi só a criação de vagas que causou a redução da taxa. Outro fator importante foi o menor número de pessoas procurando emprego.

“Há menos pessoas pressionando o mercado de trabalho”, observou o coordenador de análise do Seade, Alexandre Loloian. De setembro para outubro, por exemplo, a população economicamente ativa (PEA) reduziu-se em 0,2%, com 22 mil pessoas a menos na região metropolitana de São Paulo. Foram abertos 56 mil postos de trabalho (leve alta de 0,6%). A soma dos dois resultou em 78 mil desempregados a menos (-6,8%), para um total estimado em 1,066 milhão. No período de 12 meses, a situação se repete: PEA estável (acréscimo de 2 mil), 110 mil ocupados a mais (aumento de 1,1%) e 108 mil desempregados a menos (-9,2%).

O mesmo ocorre no conjunto das sete áreas pesquisadas (Distrito Federal e regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo). A PEA cresceu apenas 0,3% em relação a outubro do ano passado, com 67 mil pessoas a mais, enquanto a ocupação aumentou 1,1%, com 226 mil postos de trabalho criados. Com isso, o número de desempregados (estimado em 2,240 milhões) reduziu-se em 160 mil (-6,7%).

Loloian lembra que, normalmente, a PEA cresce em outubro. Isso só não aconteceu em 2008, durante a crise financeira internacional. Ele oferece outras duas hipóteses para o fato de menos gente estar à procura de emprego. A primeira é de que há uma reação de cautela diante do noticiário, que fala em uma situação econômica mais difícil. E a segunda é de que houve melhoria das condições das famílias nos últimos anos, reduzindo a necessidade de outros integrantes de uma mesma casa sair à busca de trabalho.

O economista Sérgio Mendonça, do Dieese, acrescenta que atualmente apenas 15% do mercado de trabalho de São Paulo é de assalariados sem carteira. O emprego formal também cresce nas outras regiões: 5,7% em 12 meses, com 533 mil vagas a mais. No mesmo período, o número de trabalhadores sem carteira caiu 5,5% (-110 mil) e o de autônomos recuou 2,6% (-89 mil).

Mas o ritmo de crescimento da ocupação também vem diminuindo. A taxa de outubro (em 12 meses) foi de 1,1%. Em outubro do ano passado, chegou a 4,5%.

Um dado positivo da pesquisa é do rendimento médio dos ocupados, que voltou a crescer no mês (1%) e foi estimado em R$ 1.387. Em 12 meses, no entanto, a renda cai 3,8%. A massa de rendimentos dos ocupados subiu 1,9% no mês, com queda também de 1,9% no período de 12 meses. “Parte da perda dessa massa de rendimeno, além do desaquecimento econômico, foi pela alta da inflação”, diz Sérgio Mendonça. Em São Paulo, o rendimento médio cresceu (1%) pela primeira vez em 10 meses, mas ainda acumulada queda de 4,8% em 12 meses.