IPCA aponta para inflação dentro da meta em 2013, diz Pochmann
Para economista, BC acertou ao não aceitar diagnóstico de que país caminhava para cenário de descontrole inflacionário
Publicado 08/05/2013 - 14h35
Para Pochmann, a aceleração no final do ano passado e início deste não teve impacto generalizado no custo de vida (Foto: Marcello Casal Jr./ABr)
São Paulo – A evolução dos indicadores de inflação vem apontando para um resultado dentro das metas previstas pelo Banco Central para 2013 e corrobora as ações tomadas pelo governo federal, que não acreditou no cenário de descontrole inflacionário pintado por alguns analistas. Essa é a avaliação de Marcio Pochmann, economista e presidente da Fundação Perseu Abramo, sobre os números do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril, divulgados hoje (8) pelo IBGE.
O índice oficial de inflação teve variação de 0,55% em abril, interrompendo trajetória descendente verificada nos dois meses anteriores. No entanto, no acumulado em 12 meses, o IPCA foi para 6,49%, abaixo dos 12 meses imediatamente anteriores (6,59%). Com isso, voltou para a meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (teto de 6,5%). “A inflação deve ficar dentro do que se espera no regime de metas, acima do centro, mas dentro do que as bandas permitem”, afirma Pochmann.
O resultado de abril corresponde ao que havia sido previsto pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que a alta nos primeiros meses do ano era natural, especialmente por conta da entressafra de alguns dos principais alimentos, e que o IPCA caminharia para dentro do teto da meta em breve.
“Tivemos uma aceleração no final do ano passado e início deste por fatores de ordem conjuntural que não se difundiram generalizadamente no custo de vida”, lembra Pochmann. Principais vilões dessa alta, os alimentos registraram elevação de 0,96%, menor do que a do mês anterior e mostrando, segundo o IBGE, “continuidade da desaceleração” nos preços dos alimentos, tendência iniciada em fevereiro.
Dessa forma, diz Pochmann, “as decisões do Ministério da Fazenda e do BC foram suficientemente responsáveis para não aceitar o diagnóstico de que estaríamos em cenário de inflação descontrolada causada, que exigira receituário mais forte que poderia contaminar drasticamente o nível de atividade econômica”.
Em sua última reunião, dias 16 e 17 de abril, o Comitê de Política Monetária do BC (Copom) optou por um aumento de 0,25 ponto percentual na Selic, a primeira elevação desde agosto de 2011, levando a taxa para 7,5% ao ano. Para Pochmann, se o BC tivesse aceitado o diagnóstico que determinadas consultorias financeiras e bancos apresentaram, de que o país caminhava para uma inflação descontrolada decorrente de intenso ciclo de expansão da demanda, possivelmente teria promovido um aumento maior, de 0,75 ponto.
“O BC foi comedido e correto, pois tomou a decisão não imaginando o descontrole, mas para influenciar as expectativas de quem poderia ser afetado por essa visão e criar um efeito difusor de aumentos de preço sem necessidade, em cima da falsa expectativa de que o BC não agiria para controlar a inflação. Ao mesmo tempo, a autoridade não quis contaminar em sentido inverso as expectativas de quem quer investir em atividade econômica e aumentar produção”, diz o economista.