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Inflação deve seguir tendência de queda, avalia economista

Trajetória de desaceleração é considerada boa notícia, que poderá criar espaço para redução da taxa de juros, permitindo maior acesso e barateamento do crédito

memória/ebc

Com o índice de março, o IPCA acumulado de 12 meses fica em 9,39%

São Paulo – O recuo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em março, divulgado hoje (8) pelo IBGE, com variação de 0,43%, a menor taxa para o mês desde 2012, traz algum alento para as previsões da economia. “Já era hora de o IPCA ter alguma reação à retração da economia”, afirma o economista Rafael Fagundes Cagnin, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

“Essa desaceleração permite desatar um outro nó, que é o patamar de taxa de juros. Esse é um fator que vem asfixiando as empresas, e essa trajetória de desaceleração é uma boa notícia justamente para se criar margem para você voltar a ter uma taxa de juros um pouco mais palatável, com barateamento do crédito”, afirma Rafael. “Isso tem sido uma pedra grande no sapato da economia, que dificulta o acesso ao crédito.”

Depois dos picos do IPCA em janeiro (1,27%) e fevereiro (0,9%), o índice mostra uma tendência de queda que parece confirmar as previsões do boletim Focus, do Banco Central (BC), que indica para este ano uma inflação de 7,61%, com PIB em retração de 3,3%. Inflação alta e atividade em recessão mantêm um quadro ruim para a economia, mas o desempenho do IPCA em março permite prever que a inflação poderá convergir para a meta no próximo ano, cujo teto é 6,5% e o centro, 4,5%.

“A profundidade da crise que a gente viu no último ano mais cedo ou mais tarde deveria começar a bater na inflação e o índice do IPCA neste mês já reflete um pouco isso. Não tem como os preços não cederem, dada a gravidade da recessão do ano passado”, analisa o economista do Iedi. “Os reajustes de preços administrados que puxaram para cima a inflação não devem acontecer neste ano. E o outro componente era o de serviços que mantinha a inflação em um certo patamar. O fator de inércia deve começar a fazer o índice ceder por conta da profundidade da crise econômica.”

Com o índice de março, o IPCA acumulado de 12 meses fica em 9,39%, portanto, abaixo de dois dígitos, quando em fevereiro esse índice era de 10,36%.

A maior pressão sobre o índice de março foi do grupo de alimentos e bebidas, que teve variação de 1,24%. “Esse é um ponto problemático da inflação. A alta dos preços de alimentos é um componente volátil e, por isso, muitos países que adotam regime de metas, e mesmo até os que não adotam esse regime, tendem a expurgar os preços de combustíveis e alimentos do parâmetro de inflação sobre o qual a política monetária se debruça”, afirma Rafael. “Isso ocorre justamente por causa da volatilidade de quebra de safra, enfim, de fatores exógenos, não econômicos, que acabam pressionando a inflação.”

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