Transição ecológica

Governo estuda programa de renovação da frota de automóveis, afirma Haddad

Objetivo é retirar de circulação veículos antigos mais poluentes, com aporte de recursos para indenização de proprietários. Ministro da Fazenda também disse que teve conversa “muito boa” com o presidente do Banco Central

Fernando Frazão/Agência Brasil
Fernando Frazão/Agência Brasil
Renovação da frota também serviria de estímulo à indústria automobilística brasileira, que sofre com juros altos e queda nas vendas

São Paulo – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (3) que o governo estuda lançar um programa de renovação da frota de automóveis no Brasil. O objetivo é retirar de circulação os carros mais velhos, que são mais poluentes. Haddad deu a declaração ao sair de uma reunião com o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin.

Segundo ele, trata-se de uma “encomenda” do vice. Haddad agora vai montar uma equipe na Fazenda para estudar a proposta. A intenção é utilizar um fundo abastecido com recursos das petroleiras para a “transição ecológica”.

Sem dar detalhes, Haddad afirmou que esses recursos seriam para indenizar os proprietários de veículos antigos, promovendo a renovação da frota “em proveito do meio ambiente”. “É um recurso que já está segregado para isso, de um fundo que já existe. Não é recurso novo”, destacou o ministro.

Além da preocupação ambiental, políticas de renovação da frota também serviriam para estimular a indústria automobilística brasileira. Com os juros altos, as vendas de carros novos caíram 8,2% em fevereiro em relação ao mês anterior, depois de registrarem queda ainda maior – de 35% – em janeiro deste ano em relação a dezembro de 2022, de acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Essas taxas levam em conta os emplacamentos de automóveis e comerciais leves.

Como resultado da queda nas vendas, montadoras como Volkswagen, General Motors, Hyundai e Stellantis (dona das marcas Fiat, Peugeot e Citröen) colocaram parte dos seus funcionários em férias coletivas.

Arcabouço e juros

Também hoje, Haddad se reuniu com o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Foi o primeiro encontro após o anúncio do arcabouço fiscal, na quinta passada (30). O governo Lula aposta na nova regra fiscal para convencer Campos Neto a reduzir a taxa básica de juros (Selic), fixada em 13,75% ao ano.

O ministro, no entanto, não deu detalhes sobre o encontro, não citou juros, nem o arcabouço. “Foi uma reunião de rotina em que a gente conversa sobre vários temas, alinha informações, troca informações e estabelece alguns protocolos de como encaminhar as coisas. Foi muito boa, conversamos sobre tudo, não teve uma pauta específica”, disse Haddad ao sair do Ministério da Fazenda, onde ocorreu o encontro.

Mais cedo, em entrevista à GloboNews, Haddad disse que, na sua opinião, há espaço para redução dos juros no Brasil. “Quando vai ser esse corte? Eu não sei, eu não estou lá dentro. Tem um espaço para corte suficiente para garantir que a economia brasileira se reestabilize”, disse o ministro.

Desde fevereiro, pelo menos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus ministros têm criticado constantemente os juros altos. Mais recentemente, empresários do comércio e da indústria se somaram ao coro. Pesquisa Datafolha divulgada no domingo (2) também mostrou que 80% dos entrevistados concordam com a pressão de Lula para baixar os juros.