Dia das mães terá mais presentes, diz pesquisa

FGV aponta consumidor está disposto a gastar mais. Flores, joias e restaurantes aumentaram mais do que a inflação, mas linha branca puxa para baixo a média de variação de preços

Rio de Janeiro – Os consumidores brasileiros estão com mais disposição de comprar presentes para o Dia das Mães do que no ano passado. É o que mostra a Sondagem de Expectativas do Consumidor de abril, divulgada nesta quinta-feira (6) pela Fundação Getulio Vargas.

A economista Viviane Bittencourt, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, responsável pelo estudo, disse que em 2009, em função da crise internacional, o percentual de consumidores dispostos a gastar mais em presentes era de 9,7%, o que indicava cautela em relação aos gastos em geral e, em especial, para o Dia das Mães.

Este ano, a proporção de consumidores dispostos a gastar mais para a data subiu para 14,4%, superando os últimos três anos. Em termos de pontuação entre as respostas mais favoráveis (quem vai comprar mais) e desfavoráveis (comprar menos), o indicador subiu de 79,5 pontos em 2007 para 94,8 pontos em 2010.

Viviane afirmou que a expectativa positiva para o Dia das Mães significa que as incertezas diminuíram em relação à economia e a população está mais confiante no futuro. “A situação financeira da família está mais favorável, exatamente pelo melhor aquecimento do mercado de trabalho. A situação financeira das famílias está mais equilibrada e as pessoas estão mais propensas a consumir nesta data especial.”

Esse movimento é percebido em todas as faixas de renda, abrangendo desde o consumidor que recebe até R$ 2,1 mil, considerada a classe de renda familiar mais baixa, até o consumidor com maior poder aquisitivo, que recebe acima de R$ 9,6 mil de renda familiar mensal.

Vestuário continua sendo o presente mais citado entre os consumidores para o Dia das Mães. Segundo a especialista, o motivo é a gama de preços variável. “É mais fácil para o consumidor adequar o seu orçamento”, afirmou. Do total de consumidores pesquisados, 47,7% escolheram vestuário e acessórios. Em seguida, aparecem perfumes e cosméticos.

Dentre os consumidores de renda mais baixa, 72,2% demonstraram intenção de comprar presente para as mães entre R$ 10 e R$ 50. Na classe de renda mais alta, 58,7% pretendem gastar acima de R$ 51, sem limite máximo.

A Sondagem de Expectativas do Consumidor é realizada com base em uma amostra de 2 mil domicílios, em sete capitais brasileiras. A coleta de dados foi feita no período de 1º a 20 de abril.

Inflação

Muitos dos produtos mais procurados para celebrar a data apresentaram variação de preço menor do que a média da inflação medida nos últimos 12 meses. A alta de preços foi, em média, de 4,12%, inferior à inflação de 5,72% medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC-S Brasil) no período.

Segundo André Braz, economista do Ibre, o consumidor não vai sentir tanta diferença na hora de escolher o presente para o Dia das Mães em relação ao ano passado. Há, contudo, exceções, como flores, por exemplo, que marcam a ocasião. Braz revelou que flores e plantas naturais subiram 12,45% em 12 meses.

Já os produtos da linha branca estão com preços mais competitivos do que no ano passado. Apesar da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), concedida pelo governo em 2009, já ter acabado para vários produtos, permanecendo apenas para os itens com alta eficiência energética, Braz afirmou que ainda se percebe uma vantagem em relação a 2009. Alguns produtos ainda estão mais baratos, tais como refrigeradores, freezer, máquina de lavar roupa e fogão, que mostram deflação de 1,38%, 3,57% e 1,78%, respectivamente, no período pesquisado.

Outro item procurado pelos consumidores para presentear as mães, que são jóias e bijuterias, também teve aumento de preço superior à inflação acumulada em 12 meses, atingindo 8,41%. Os produtos de vestuário subiram 4,58%, acompanhando a variação da inflação. “Então, relativamente ao ano passado, o consumidor não deve perceber uma alteração significativa em seus preços, porque o comércio abre as portas com grandes promoções. E isso pode ser vantajoso na hora de escolher o presente”, indicou.

Quem optar pelo tradicional almoço fora de casa vai pagar mais caro neste ano. As refeições em restaurantes tiveram alta de 6,21% em 12 meses, variação acima da inflação. Segundo Braz, isso se deve ao fato de muitos alimentos importantes usados como insumo na preparação de refeições terem subido de preço. Além disso, está embutido nessa variação o crescimento da massa salarial e do emprego.

“Todos os serviços encontram espaço para subir de preço nesse contexto de crescimento. Então, é natural perceber aumentos acima da inflação e a conta do restaurante também vai pesar no bolso dos filhos”, concluiu.

Fonte: Agência Brasil