Copom vê economia em bom ritmo, e ata sugere que juro pode ter novo corte

Para comitê, demanda doméstica segue 'robusta', embora recuperação demore mais do que o previsto. E BC volta a alertar para 'perigo' de aumentos salariais

São Paulo – Com perspectivas favoráveis para a atividade doméstica e inflação em declínio, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central considera a possibilidade de novo corte da taxa de juros, desde que seja feito com “parcimônia”. A ata divulgada hoje (26) fala ainda que a recuperação da atividade vem ocorrendo mais lentamente do que o previsto, mas vê sinais positivos. “O Copom avalia que a demanda doméstica tende a se apresentar robusta, especialmente o consumo das famílias, em grande parte devido aos efeitos de fatores de estímulo, como o crescimento da renda e a expansão moderada do crédito”, diz o documento, prevendo manutenção desse cenário no atual e nos próximos semestres.

Neste momento, sustenta o comitê, os riscos de alta da inflação são limitados. Assim, as informações disponíveis sugerem “tendência declinante” da inflação acumulada em 12 meses, em direção à meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (4,5%, com limite de até dois pontos percentuais para cima), “apesar de a inflação de serviços ainda seguir em níveis elevados”.

Os membros do Copom também vêem um mercado de trabalho “robusto”, com taxas de desemprego “historicamente baixas”, crescimento consistente do emprego formal e alta do rendimento médio. Como de praxe, alerta para o “perigo” salarial, ao afirmar que “um risco importante reside na possibilidade de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade e suas repercussões negativas sobre a dinâmica da inflação”. Mas também observa que o nível de utilização da capacidade instalada tem se estabilizado, o que contribui “para conter pressões de preços”.

A avaliação é de que a economia mundial continua enfrentando período de incerteza acima do usual, com perspectivas de baixo crescimento. O impacto no Brasil pode corresponder a um quarto do observado durante a crise internacional de 2008/2009.

O Copom reduziu a taxa básica de juros (Selic), agora em 9% ao ano, nas seis últimas reuniões. A próxima ocorrerá entre 29 e 30 de maio.