Cautela continua sendo a palavra de ordem do Copom

Ata projeta aumento para o gás de cozinha e revê alta da tarifa de energia elétrica

Brasília – O efeito dos estímulos fiscais e da redução de juros devem ser cuidadosamente monitorados e são parte importante do contexto de decisões futuras do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. A avaliação consta da ata da reunião do colegiado realizada na semana passada, quando foi mantida a taxa básica de juros, a Selic, em 8,75% ao ano.

O Copom considera também que uma postura mais cautelosa contribuirá para reduzir o risco de “reversões abruptas” nas decisões sobre a Selic no futuro e também para “a recuperação consistente da economia ao longo dos próximos trimestres”.

Segundo o Copom, esses estímulos fiscais e monetários “deverão contribuir para a retomada da atividade e, consequentemente, para a redução na margem de ociosidade dos fatores produtivos”. A ata revela que o colegiado considera que a desaceleração da economia global tem gerado pressões de baixa nos preços industriais no atacado.

O Copom avalia que, após longo período de expansão, a demanda doméstica passou a cair e a exercer influência contracionista sobre a atividade econômica, mesmo que o crescimento da renda tenha se mantido.

“Adicionalmente, cabe registrar que, evidenciando a credibilidade alcançada pelo Copom na implementação do regime, as expectativas inflacionárias para 2009, 2010 e 2011 continuam em patamar consistente com a trajetória das metas”.

A meta de inflação para esses três anos, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), tem como centro 4,5% e margem inferior de 2,5% e superior de 6,5%. Cabe ao Banco Central perseguir a meta de inflação. Para isso, a autoridade monetária usa a Selic como principal instrumento de controle da inflação.

Na ata, que contém vários parágrafos iguais ou parecidos com o documento de julho, o Copom reafirma que o comportamento do sistema financeiro e da economia em um novo patamar de juros básicos deve ser cuidadosamente monitorado, de maneira a preservar as perspectivas inflacionárias benignas.

“Decisões sobre a evolução da taxa básica de juros têm que levar em conta a magnitude do movimento total realizado de janeiro a julho, cujos impactos sobre diversos indicadores econômicos ficarão evidentes ao longo do tempo, em contexto de retomada paulatina da utilização dos fatores de produção”.

Segundo o Copom, os efeitos serão concentrados no próximo ano. Em 2009, os juros básicos foram reduzidos em 5 pontos percentuais.

Pressão

O Copom projeta aumento de 6,9% no preço do botijão de gás neste ano. Em julho, a expectativa era de que não haveria elevação de preços para esse produto. A informação consta da ata da última reunião do colegiado.

Segundo a ata, foi mantida a projeção de que não haverá aumento do preços da gasolina em 2009. Para as tarifas de telefonia fixa, o Copom reduziu a projeção de 5% para 1,1% neste ano. No caso da tarifa de eletricidade, a expectativa foi ajustada de 5% para 5,4%.

Para o aumento do conjunto de preços administrados para o acumulado de 2009, foi mantida a projeção de 4,5%. Esse conjunto de preços, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), correspondeu a 29,46% do total do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho.

Para 2010, a projeção de reajustes dos itens administrados por contrato e monitorados também foi mantida em 4,3%.

Fonte: Agência Brasil