BC promete melhorar medição do spread bancário

Instituição deixa de aceitar dados de risco de inadimplência usados pelo banco e passa a considerar também percentual real. Procura por crédito acumula queda de 5,8% no ano

Meirelles promete mais transparência na aferição do spread (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

A medição e cálculo das margens praticadas por bancos em empréstimos pelo Banco Central (BC) será aperfeiçoada, promete o presidente da instituição Henrique Meirelles. Em audiência pública na Câmara dos Deputados, ele explicou que, entre as mudanças, está o cálculo do risco de inadimplência.

Atualmente, essa análise é feita com base nas provisões (reservas para a possibilidade de prejuízos) executadas pelos bancos e não na parcela de maus pagadores. “Agora nós vamos passar a calcular na perda esperada pelas próprias instituições e nas perdas reais ocorridas”, sustenta Meirelles.

Ele afirma que o objetivo é dar mais transparência à aferição do spread, diferença entre o custo de captação de dinheiro pelo banco e a taxa cobrada do cliente no crédito. Isso permitiria aos consumidores e reguladores conhecer melhor a composição dsa margens, entre impostos, custos administrativos, risco de inadimplência e lucro.

O BC deve também ampliar as modalidades monitoradas para além do crédito livre a pessoas físicas. Também serão divulgados o spread do crédito direcionado a setores rural, habitacional e de infraestrutura.

As mudanças serão anunciadas com detalhes nas próximas semanas. O presidente do BC acrescentou que a maior atuação dos bancos públicos e o cadastro positivo (compartilhamento de informações entre as instituições financeiras a pedido do cliente, em tramitação no Congresso) permitem maior competição no sistema financeiro.

Procura em queda

A procura por crédito no país caiu 4,3%, em agosto, na comparação com julho e 4% sobre agosto do ano passado. De janeiro a agosto, a queda é de 5,8%. Os dados constam do  Indicador Serasa Experian de Demanda por Crédito, pesquisa da empresa de consultoria econômico-financeira Serasa Experian.

O movimento reflete a dificuldade de micro e pequenas empresas de acesso a financiamentos e empréstimos. Os técnicos prevêem que essa situação deve se reverter com a entrada em operação do Fundo Garantidor de Investimentos (FGI).

De natureza privada, o fundo foi criado pela Medida Provisória 464, em junho deste ano, para facilitar o acesso ao crédito com aportes do Tesouro Nacional e as operações iniciaram neste mês de setembro.

O levantamento mostra que foi mais forte a queda na demanda por crédito de micro e pequenas empresas, em 4,5%. Nas médias empresas, a queda da demanda foi de 1,3%, enquanto nas grandes empresas houve aumento de 0,9%, em agosto e de 1,7% no acumulado do ano. As médias empresas reduziram em 4,7% a procura de recursos.