Ipea vê recuperação econômica ‘provável’ no segundo semestre

Relatório indica que desempenho nos primeiros meses de 2012 é 'decepcionante'

São Paulo – Relatório divulgado hoje (3) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) questiona os motivos do desempenho “decepcionante” da economia brasileira no primeiro semestre e aponta que o momento atual, inédito, exige a superação de desafios para os quais não há “respostas prontas”. O boletim “Conjuntura em foco” aponta que “o cenário mais provável continua sendo o de que tal recuperação ocorrerá durante o segundo semestre deste ano, e se estenderá ao longo de 2013”. 

O documento não oferece um motivo específico para o desempenho mais fraco da economia brasileira até aqui, mas argumenta que a crise internacional não deve ser indicada como responsável pela questão, devendo-se observar os fatores internos. Embora tenha ocorrido uma queda nos juros, a dificuldade da população em entrar em novas dívidas que ajudem a sustentar o mercado interno é vista como um dos entraves daqui por diante. Para os técnicos do Ipea, a falta de competitividade do país, puxada dessa vez pela baixa produtividade e não mais pelas taxas de câmbio, tem sido decisiva para esse quadro.

O Ipea levanta as hipóteses de que isso acontece porque o setor de transformação está investindo em qualificação de mão de obra, se poupando dos custos das demissões e aguardando um cenário positivo em um futuro próximo. Apesar da queda da produção industrial, os níveis de emprego têm se mantido, o que aumenta o custo unitário do trabalho.

O crescimento do emprego nos últimos anos, a níveis inéditos, é elencado como um dos desafios que se colocam daqui por diante. Para o Ipea, a indústria de transformação, que vem patinando, tem aí um de seus grandes obstáculos. Neste sentido teria ocorrido uma queda na produtividade associada aos aumentos salariais, possivelmente repassados aos preços finais, mas esta não deve ser, na visão da pesquisa, uma perspectiva negativa à medida que surtam efeito as medidas de incentivo anunciadas nos últimos meses pelo governo. “Ou seja, a recuperação da produção tenderá a elevar os níveis de produtividade do trabalho, reduzindo, consequentemente, seu custo unitário”, aponta o relatório. “Entender o que acontece hoje com o setor industrial e identificar os motivos que estão por trás desse estado de ânimo negativo é questão-chave no debate atual de política econômica, especialmente no sentido de informar as decisões de política econômica.”

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