Amorim espera resposta concreta dos EUA em caso do algodão

Amorim espera mais do que pedido de adiamento das sanções comerciais por parte de emissários dos Estados Unidos (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil) São Paulo – O ministro das Relação […]

Amorim espera mais do que pedido de adiamento das sanções comerciais por parte de emissários dos Estados Unidos (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

São Paulo – O ministro das Relação Exteriores, Celso Amorim, disse nesta segunda-feira (5) que espera uma proposta “mais concreta” dos Estados Unidos a respeito da retaliação cruzada brasileira por causa de um contencioso do algodão. Após aula magna na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Amorim não deu detalhes das negociações com uma comitiva que está em Brasília, mas contou que há possibilidade “de novidades”.

As as sobretaxas a vários produtos norte-americanos definidas pelo Brasil devem ser aplicadas a partir desta quarta-feira (7), conforme determina decreto presidencial. A medida foi autorizada pela Organização Mundial do Comércio (OMC), que condenou os subsídios norte-americanos à produção de algodão.

Os emissários dos Estados Unidos tentam rever a retaliação do Brasil contra uma lista de produtos americanos e prorrogar o início das sanções. “Esperaria uma coisa mais concreta do que um adiamento de prazo”, disse Amorim.

Apesar da definição sobre a forma de sanção comercial, o ministro afirma que uma saída negociada, ainda assim, é possível.  “Os Estados Unidos, quando querem pressionar o Irã, dizem que nada impede as negociações depois de ter havido a retaliação”, comparou. “Quarta-feira não é um prazo fixado por nós. É parte de um decreto que entra em vigor. Mas nada impede (que se negocie).”

O ministro lembrou que a disputa sobre a ajuda financeira que os EUA fornecem a seus produtores de algodão já dura sete anos, e praticamente não foram feitas alterações nessa política. “Até quinta-feira, os Estados Unidos não deram sinal de que podem mudar sua política (de subsídios). Estamos na expectativa de que isso possa ocorrer”, afirmou.

A disputa envolvendo o algodão está na pauta de uma reunião de ministros integrantes da Câmara de Comércio Exterior (Camex), nesta segunda-feira. O ministro disse, que apesar da disputa, os EUA devem voltar a ser o principal parceiro comercial do Brasil em 2010, reassumindo lugar que haviam perdido para a China no ano passado, principalmente devido à crise.

Amorim estima que os Estados Unidos sejam o destino de 13%das exportações brasileiras em 2010, contra 11% ou 12% da China e 10% da Argentina.

Conselho de segurança

Ainda na aula magna na UFRJ, o ministro das relações exteriores brasileiro defendeu que mudanças na composição do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) ajudaria para o desarmamento nuclear do mundo. Amorim criticou o fato de o Conselho ainda privilegiar a mentalidade nuclear da Guerra Fria por ter sido concebido após a Segunda Guerra Mundial.

“É importante acabar com essa aparente simetria que existe no Conselho de Segurança, em que os membros permanentes são justamente as potencias nucleares”, afirmou o chanceler. Os cinco membros permanentes com poder de veto são Estados Unidos, Rússia, China, França e Grã-Bretanha. O Brasil defende a ampliação do Conselho e faz campanha para se tornar um dos membros permanentes do órgão.

“Até os (membros) permanentes sabem disto. Eles sabem que se demorar podem ocorrer reformas mais profundas. Do jeito que está hoje é um deslegitimação do Conselho. É preciso acabar com essa assimetria”, acrescentou.

Amorim comemorou que, desde o início do governo Lula, o Brasil transformou-se transformar em ator de destaque em diversos fóruns internacionais, mas o Conselho de Segurança ainda é uma exceção à regra. “Hoje o Brasil tem um papel central em qualquer discussão mundial, mas o Conselho de Segurança é um negociação difícil e complexa. Essa é uma tarefa que vai ficar para o próximo governo”, admitiu.

O Brasil foi eleito no ano passado para ocupar uma cadeira rotativa no Conselho em 2010 e 2011 como membro sem poder de veto do órgão de 15 nações, que tem autoridade de impor sanções e enviar missões de paz a outros países. O Conselho de Segurança está no centro das negociações internacionais sobre o programa nuclear do Irã, que potências ocidentais afirmam ter como objetivo a construção de um arsenal nuclear.

Os EUA e seus aliados ocidentais defendem a aplicação de novas sanções da ONU ao Irã e buscam o apoio dos outros integrantes no Conselho. O Brasil defende uma solução negociada para o Irã e se posicionou contra novas sanções.

“Nossa posição é enfática. Somos contra armas nucleares e a favor de um Oriente Médio livre de armas nucleares. Os Estados Unidos poderiam ser a favor disso… Se você coloca no espírito que a única solução é sanção, você tem um solução autocumprível, como ocorreu no Iraque, e, que queremos evitar”, disse.

Com informações da Agência Brasil e Reuters

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