Desenvolvimento Econômico

‘Após PIB de 0,1%, caminhamos para uma recessão em 2015’, afirma Dieese

Resultado próximo de zero reflete queda na indústria e crescimentos tímidos na agropecuária e serviços. Indicador de investimentos, que sinaliza a capacidade de o país crescer, também segue em baixa

Marcos Santos/USP Imagens

FBCF em 2014 teve uma queda de 4,4%: indicador mostra capacidade do país crescer por meio de investimentos

São Paulo – A economia brasileira cresceu 0,1% em 2014, segundo o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado pelo IBGE na sexta-feira (27). A soma da riqueza do país atingiu R$ 5,5 trilhões, enquanto o PIB per capita caiu, chegando a R$ 27.229. Em entrevista hoje (30) para a Rádio Brasil Atual, a coordenadora do Dieese, Patrícia Pelatieri, comentou a situação econômica do Brasil neste ano.

“O resultado do PIB nos trouxe apenas um crescimento de 0,1%, que é muito abaixo do que tínhamos visto de 2010 para cá; porém, foi maior do que muitos analistas diziam, podendo ser até nulo”, analisa a coordenadora.

Segundo Patrícia, os principais elementos a serem analisados nos dados são: o PIB per capita, os setores de indústria e, por último, a Formação Brutal de Capital Fixo (FBCF).

O PIB per capita teve uma queda de 0,7%. O setor produtivo caiu 1,2% no ano, enquanto o agropecuário subiu 0,4%. Os serviços, que vinham crescendo de forma contínua, tiveram em 2014 uma alta menos expressiva, de 0,7%. “Os resultados ruins da indústria de transformação começaram a aparecer depois de 2009, quando ocorreu o efeito mais agudo da crise financeira global; porém, esses efeitos permanecem e crescem no cenário nacional. Portanto, os números do PIB do setor produtivo indicam que a crise da indústria de transformação iniciada naquele ano se alastra para o setor de serviços. O governo tomou diversas medidas para tentar mudar a conjuntura da indústria, só que as ações adotadas mostraram-se muito pouco eficientes”, diz a coordenadora.

O índice de FBCF em 2014 teve uma queda de 4,4% – esse indicador mostra qual a capacidade de o país continuar crescendo por meio de investimentos. Desde 2013, seus resultados trimestrais são negativos. “Quando uma empresa planeja aumentar a produção, ela tem de investir em infraestrutura, isso tudo aparece nesse indicador; se ele cai, significa que os empresários não estão pretendendo ampliar a produção. Se as empresas não crescem, há menos produção, menos consumo, menos dinheiro na economia e entramos num ciclo vicioso de uma economia em recessão.”

A recessão será difícil de ser evitada, porém, o Dieese mostra uma alternativa para enfrentá-la. “Os organismos internacionais e o Banco Central já apontam para uma contração de meio ponto percentual (da economia) em 2015. Este ano será muito complicado; para encarar essa crise econômica, precisaríamos ter mais ousadia para construir um caminho para o Brasil, que fortalecesse nossa democracia e garantisse uma maior participação popular, e não ficarmos presos como se houvesse uma única rota, porque ela está apontando para um agravamento desta crise.”

Ouça a entrevista completa para a Rede Brasil Atual: