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Retirada de recursos do BNDES terá impactos negativos no setor produtivo, diz ex-ministro

Armando Monteiro, ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, alega que medida anunciada por Temer tem pouco impacto na redução da dívida, mas compromete crédito para as exportações

reprodução/Facebook/Dilma Rousseff

Com retirada de R$ 100 Bi do BNDES, linhas de crédito para as exportações sofrerão drástica redução

São Paulo – Para o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Armando Monteiro (PTB-PE), que ocupou a pasta na gestão da presidenta Dilma Rousseff, uma das medidas de ajuste propostas pelo governo provisório na última terça-feira (24), a devolução de R$ 100 bilhões pelo BNDES para os cofres do Tesouro, deverá causar prejuízos ao setor produtivo nacional, por levar à redução da capacidade de financiamento do banco.

Armando Monteiro teme pela manutenção de linhas de crédito voltadas à exportação, que deverão ser “drasticamente” reduzidas com a retirada de recursos do BNDES. Segundo ele, os reflexos dessa medida na redução da dívida bruta são muito pequenos para os eventuais prejuízos causados.

“Haverá prejuízo para o setor produtivo, uma redução das linhas de financiamento ao investimento, ao capital de giro das empresas, ao apoio das exportações, especialmente pelo papel insubstituível que o banco tem no financiamento dos pré-embarques para apoio ao setor exportador brasileiro”, detalhou o ex-ministro, em pronunciamento veiculado no Facebook no domingo (29).

A legalidade da transação também é questionada pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Segundo o jornal Folha de S.Paulo, que colheu informação com um dos ministros do órgão, a operação feriria a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Comércio Exterior

No âmbito da política comercial brasileira, o ex-ministro também afirmou ser possível conciliar negociações multilaterais, em especial em fóruns internacionais como a Organização Mundial do Comércio (OMC), e as tratativas para acordos bilaterais, citando como exemplo o acordo de convergência regulatória celebrado com os Estados Unidos, que removeu barreiras não-tarifárias, garantindo maior acesso de bens industriais brasileiros ao mercado norte-americano. “Essas dimensões não se excluem entre si. Antes, pelo contrário, se complementam e se fertilizam mutuamente”, frisou.

Armando Monteiro também saudou os avanços na busca de um acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Segundo ele, o Brasil desempenhou papel importante na “harmonização” das propostas econômicas do Mercosul, viabilizando o início das trocas de ofertas entre os blocos.

Esse acordo vai inserir o Mercosul nessa rede de acordos internacionais, com a região que representa o bloco econômico mais importante do mundo. O Mercosul sai de posição de isolamento e passa a integrar, de forma efetiva, essa rede de acordos internacionais”, detalhou o ex-ministro.