Esplanada

Para Belluzzo, chegada de Lula deveria ser acompanhada de reforma ministerial

Economista avalia que seria fundamental haver mudanças na Esplanada dos Ministérios, para dar 'mais peso' à equipe da presidenta, e que mudanças na economia devem ser feitas com cautela

Reprodução/Youtube

Belluzzo: “Transição deve ser feita com cuidado, porque não se pode desconhecer o poder do mercado”

São Paulo – A chegada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao ministério de Dilma Rousseff pode trazer uma reversão das expectativas negativas da economia, mas as mudanças têm de ser feitas de maneira cuidadosa e seriam muito mais produtivas num contexto em que houvesse uma reforma ministerial. A opinião é do economista Luiz Gonzaga Belluzzo.

“Se ele chegar no âmbito de uma reforma ministerial, que dê mais peso ao ministério de Dilma, porque ele é capaz de muita articulação, acho que é uma boa aposta. Essa transição na economia para um crescimento é uma coisa delicada, você não pode fazer sem cuidado, diante das expectativas do mercado, porque não pode desconhecer o poder deles”, diz Berlluzzo. “Tem que lidar com eles com sabedoria. Lula é capaz de perceber essas coisas, sempre percebeu.”

Na opinião do economista, para o país sair da situação de crise econômica e voltar a crescer, é preciso usar “instrumentos adequados”, mas nunca as reservas internacionais do país, que estão hoje em U$ 372 bilhões. “Usar as reservas não ajuda, porque você dá um ‘chute’ na curva de juros futura, o câmbio começa a se movimentar de maneira amalucada. Temos reservas de R$ 372 bilhões, que funcionam como um seguro, uma garantia. Você pode recorrer a outras formas, que são várias.”

Segundo Belluzzo, uma das alternativas é o recurso a organismos multilaterais. “Temos condições de negociar com organismos multilaterais, como Banco Mundial, BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e Banco dos Brics, por exemplo, para destravar o investimento em infraestrutura com maior eficácia. Não preciso nem dizer que imagino que Lula e os que vão com ele sabem disso”, avalia Belluzzo.

Embora o economista destaque que os resultados positivos da chegada de Lula ao governo dependeriam de uma reforma ministerial, Dilma afirmou em entrevista coletiva na tarde de hoje (16) que o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, estão “mais dentro do governo do que nunca”, descartando uma reforma pelo menos nesses dois postos-chave.

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