Eletrobras quer entrar no mercado de energia nos EUA

Rio de Janeiro – O diretor da área internacional da Eletrobras, Sinval Gama, informou nesta segunda-feira (26) que a empresa está avaliando a compra de participações minoritárias em empresas de […]

Rio de Janeiro – O diretor da área internacional da Eletrobras, Sinval Gama, informou nesta segunda-feira (26) que a empresa está avaliando a compra de participações minoritárias em empresas de transmissão ou geração de energia nos Estados Unidos.

Segundo o diretor, a Eletrobras avalia 11 oportunidades no mercado norte-americano. Ele, entretanto não citou nomes.

“Nós estamos querendo comprar empreendimentos prontos, nós sabemos que nos Estados Unidos vai ter uma expansão significativa e a gente quer maturar, queremos comprar uma pequena participação numa empresa de geração e numa empresa de transmissão para conhecer o mercado”, disse Gama antes de palestra em evento do setor promovido pela Coppe/UFRJ, que auxilia a estatal nos estudos internacionais.

Ele explicou que o interesse da Eletrobras é de adquirir cerca de 5 por cento em uma empresa de geração, hidrelétrica ou eólica, e outra de transmissão. A aquisição poderia ser feita ainda este ano, segundo Gama.

“Posso comprar esse ano (participação nos EUA), mas não temos interesse em fazer aquisição significativa. Nos Estados Unidos você tem essa possibilidade de com 50, 60 milhões de dólares entrar numa empresa, é bem disperso o capital”, afirmou.

Para a analista do setor de energia elétrica da SLW Corretora, Rosângela Ribeiro, a possibilidade da entrada da Eletrobras nos Estados Unidos é positiva.

“O mercado norte-americano é importante, principalmente o de transmissão de energia. Além disso, uma participação maior (nos Estados Unidos) torna a empresa mais evidente”, diz a analista, lembrando que a Eletrobras negocia ADRs na Bolsa de Nova York.

Além disso, a analista afirma que a estatal é capaz de conciliar os problemas internos que tem enfrentado, como vencimento de contratos, altos custos e o fim das concessões em 2015.

“A companhia tem muitos problemas aqui mas está tentando resolver. Apesar dos problemas ela tem grande conhecimento em transmissão e geração. Entrar nos Estados Unidos é uma grande conquista, mas já esperada.”

30 mil MW em análise

Gama informou que a estatal avalia no momento 30 mil megawatts em projetos no mundo, mas que nem todos irão obrigatoriamente se traduzir em obras.

Para 2011 a previsão é que a empresa inicie obras na Argentina, Peru e Nicarágua, que podem adicionar 6 mil megawatts em geração nos próximos anos. Seriam os primeiros megawatts gerados pela Eletrobras fora do Brasil, com exceção da usina binacional de Itaipu.

A empresa recebeu em 2008 permissão do Congresso Nacional para expandir seus investimentos para fora do Brasil. Em 2020, segundo o seu plano estratégico, a Eletrobras deverá ter 10 por cento de sua receita vinda do exterior.

O primeiro projeto a sair do papel será uma linha de transmissão de 500 quilômetros na fronteira com o Uruguai, país onde Gama também estuda uma hidrelétrica. A linha, avaliada em 200 milhões de dólares, já está em construção e a Eletrobras pagará pela parte brasileira, que corresponde a um terço do projeto ou cerca de 60 milhões de dólares.

Para 2011 a expectativa é de que sejam iniciadas as obras de uma hidrelétrica na Argentina, com capacidade para gerar 2 mil megawatts e investimento dividido meio a meio com o país vizinho.

Para o ano que vem também está prevista a primeira de cinco hidrelétricas que serão construídas no Peru, somando 7 mil megawatts, sendo parte destinada ao Brasil. A estatal programava sete usinas, mas duas já foram descartadas.

“As primeiras duas usinas que estudamos no Peru não se mostraram viáveis, uma era em cima de um sítio arqueológico Inca e outra em uma zona de conflito”, justificou.

Mas o executivo espera concluir no primeiro semestre de 2011 os estudos de viabilidade para construção da usina hidrelétrica de Inambari, na amazônia peruana, de 2 mil megawatts e a 300 quilômetros da fronteira com o Brasil, nos limites dos departamentos peruanos de Puno, Cusco e Madre de Dios.

O projeto deve custar cerca de 2,5 bilhões de dólares, sendo que a parte da Eletrobras, ou 1,25 bilhão, virão 30 por cento de caixa próprio e o restante financiado.

Outra obra que pode começar em 2011, segundo Gama, também em parceria com o governo local, seria uma pequena hidrelétrica na Nicarágua, de 250 megawatts. Estão previstas ainda projetos em Honduras, Costa Rica, El Salvador, Guiana e Colômbia.

“Esses projetos na América do Sul e Central nos dão rentabilidade porque estamos perto, conseguimos bom financiamento e temos experiência”, disse o executivo, lembrando que nesses países existe menos competição do que no Brasil.

Ele informou ainda que a Eletrobras vai participar de uma licitação na Colômbia para disputar um projeto hidrelétrico de 2 mil megawatts com mais seis empresas, sendo quatro brasileiras. “O retorno dos projetos (internacionais) tem que ser melhor do que no Brasil, se não a Eletrobras não faz”, garantiu Gama.

 

 

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