Diversidade

Teatro: um conto de fadas contra a homofobia

Produzida e encenada pelo Teatro da Conspiração de Santo André, a peça 'A Princesa e a Costureira' aguça reflexão sobre respeito às diferenças

Divulgação

Janaína Leslão: ‘As pessoas me dizem que os contos de fadas originais nunca puderam representá-las’

E a princesa e o príncipe viveram felizes para sempre… É geralmente assim que terminam os contos de fadas, como se o amor apenas fosse possível entre pessoas de gêneros diferentes. Foi pensando em quebrar este referencial reducionista que a psicóloga Janaína Leslão se enveredou pelos caminhos da literatura infanto-juvenil. Depois de cinco anos procurando uma editora, ela lançou, em 2015, o livro A Princesa e a Costureira, que chega agora aos palcos em montagem do Teatro da Conspiração de Santo André.

Vencedora do Programa de Acão Cultural (ProAC) 2015, a peça homônima estreia neste sábado (16), às 16h, no Centro Livre de Artes Cênicas (CLAC), de São Bernardo do Campo, onde será reapresentada no domingo (17) no mesmo horário. Na quarta-feira, dia 27, às 19h, a montagem estará em cartaz no Teatro Municipal de Santo André. As três apresentações são gratuitas.

O livro e a peça contam a história de Cíntia, uma princesa negra do reino de EntreRios que se casaria com Febo, príncipe de EntreLagos. Tudo estava certo: a cerimônia e o baile seriam realizados no primeiro dia da primavera e faltavam poucos detalhes a serem acertados. Um deles era o vestido da noiva. Sabendo que uma nova e talentosa costureira havia chegado de um reino distante, Cintia foi procurá-la a fim de ter uma roupa à altura do tão esperado evento. Assim que Ishtar tocou as costas da princesa, as duas foram envolvidas por uma magia que nunca haviam sentido.

Segundo a autora do livro que inspirou a peça, a intenção da história é promover a diversidade. “Muitas pessoas, especialmente jovens adultos, me procuram e dizem: ‘Nossa, que maravilha! Queria tanto ter lido isso quando eu era adolescente. Acho que não teria passado por tanto conflito’. Ou então: ‘Eu me senti representada, nunca tinha visto uma princesa negra e ainda por cima lésbica, como eu’. As pessoas me dizem que os contos de fadas com os quais todo mundo sonhava, nunca puderam representá-las”, afirma Janaína Leslão.

Segundo ela, a ideia principal era incluir pessoas que não estavam nas narrativas originais. “No meu livro, a princesa gosta de outra mulher, ela é negra, a irmã, Selene, não tem uma mão… Então, tem outras narrativas nas quais eu tentei incluir o máximo possível de pessoas que não estavam representadas antes nos contos originais”, completa.

Com uma linguagem dinâmica e acessível para o público infanto-juvenil, a peça traz músicas compostas originalmente para o espetáculo, além de adereços cênicos e figurinos que se transformam de acordo com o enredo. As constantes mudanças de personagens feitas entre os atores do Teatro da Conspiração invocam uma espécie de jogo, que sugere a necessidade de o espectador colocar-se no lugar do outro para entender e respeitar as diferentes formas de ser e viver.

Teatro: A Princesa e a Costureira
São Bernardo do Campo:
Dias 16 e 17 de abril, às 16h, no Clac
Praça Cônego Lázaro Equini, 240, Baeta Neves
Grátis
Santo André:
Dia 27 de abril, às 19h, no Teatro Municipal
Praça do IV Centenário, no Centro
Grátis

Ficha técnica
Adaptação: livro homônimo de Janaína Leslão
Dramaturgia: Solange Dias a partir da obra de Janaína Leslão
Direção: Antônio Correa Neto
Atores: Erika Coracini, Mariana Sancar e Marcio Ribeiro
Direção musical e música original: Elaine Marin
Música A Costura da Vida cedida por Sérgio Pererê
Figurinos, cenografia e arte gráfica: Mauro Martorelli
Iluminação: Cássio Castelan
Produção: Erika Coracini
Duração: 60 minutos
Classificação: a partir dos 5 anos