São Paulo – O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso volta hoje (27) a disputar uma eleição, bem mais restrita, como franco favorito. A partir das 16h, ele deverá ser escolhido como novo ocupante da cadeira 36 da Academia Brasileira de Letras (ABL), no lugar de João Scantimburgo, jornalista, ex-diretor dos Diários Associados e do Correio Paulistano, que morreu em março. Assim, deverá se juntar a outro ex-presidente, José Sarney, e a seu próprio ex-vice Marco Maciel, que ocupam as cadeiras 38 e 39, respectivamente. Estão ali também diplomatas, como Affonso Arinos (17) e Celso Lafer (14), o cirurgião plástico Ivo Pitanguy (22) e o autor de best-sellers Paulo Coelho (21).

Ele terá dez adversários na disputa, como o ensaísta e historiador J. R. Guedes de Oliveira, o advogado Gildásio Santos Bezerra, o colunista social Jeff Thomas, o médico e cronista Carlos Magno de Melo, o poeta Diego Mendes Sousa e o escritor Felisbelo da Silva, entre outros. Alguns são ‘veteranos’ em disputas pelo uso do fardão dos imortais.

Este ano, blogueiros estimularam a candidatura – ou anti-candidatura – do jornalista Amaury Ribeiro Jr. –, autor do livro A Privataria Tucana, mas ele não se inscreveu. E ao ex-presidente há tempos foi atribuída a frase “Esqueçam o que eu escrevi”, o que ele já chamou de “infâmia”.

O patrono da cadeira disputada hoje é Teófilo Dias, advogado, jornalista e professor. Era sobrinho do poeta Gonçalves Dias, poeta romântico, autor da clássica Canção do Exílio (“Minhas terra tem palmeiras/ Onde canta o sabiá/ As aves que aqui gorjeiam/ Não gorjeiam como lá”).

A sessão inaugural da ABL foi realizada em 20 de julho de 1897. A abertura ficou a cargo de Machado de Assis, primeiro presidente da academia.

A eleição é feita por escrutínio secreto. Inspirada no modelo francês, a ABL tem 40 membros efetivos – e “perpétuos”, como determina seu regulamento.