São Paulo – Tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 6914, de 2013, da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), que determina a inserção obrigatória da bandeira do Brasil em todos os filmes e documentários produzidos no país. A parlamentar justifica a proposta dizendo que “o civismo é um elemento cultural, atualmente não muito cultivado pelos brasileiros, sobretudo no que diz respeito aos Símbolos Nacionais.”

Segundo ela, “o fator em questão é: como suscitar no brasileiro esse sentimento?” O projeto está na Comissão de Cultura e, se for aprovado, será analisado “conclusivamente” pela Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania, o equivalente ao caráter “terminativo” do Senado, o que dispensa a manifestação do plenário. Caso passe nessa fase na Câmara, segue ao Senado.

Segundo dois diretores de cinema ouvidos pela RBA, a proposta é absurda e risível. “Sem comentários. Não dá para tomar conhecimento disso. Pra dar uma resposta tem que ser assim, porque senão seria dar importância”, disse, entre risos, Nelson Pereira dos Santos, diretor de Rio, 40 Graus, Vidas Secas, A Música segundo Tom Jobim (documentário) e outros.

O cineasta Eduardo Escorel tem opinião quase idêntica. “Dar atenção a uma proposta como essa não seria uma forma de tratar o absurdo com seriedade? Não seria melhor deixar para lá?”, sugere o diretor dos documentários Era Vargas (2011), Vocação do Poder (2005) e outras obras. “O projeto desmoraliza ainda mais a Câmara. Se é que isso é possível. A enquete que consta do site da Câmara sobre o projeto indica 75% das pessoas contra a proposta.”

A deputada do Distrito Federal ressalta que, como “os patrocinadores valorizam o civismo com a inserção da bandeira”, a iniciativa tem o objetivo apenas de “institucionalizar” o uso da bandeira nos filmes brasileiros.