Luto

Morre no Rio aos 92 anos o diplomata e membro da ABL Alberto da Costa e Silva

Poeta, ensaísta, memorialista, historiador e especialista em cultura da África, Alberto recebeu o prêmio Camões em 2014. Morreu de causas naturais

Reprodução/USP
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O interesse pelo continente africano foi despertado logo no início de sua carreira diplomática, em 1960, quando viajou para lá pela primeira vez

São Paulo – O diplomata, poeta e historiador Alberto da Costa e Silva morreu de causas naturais na madrugada deste domingo (26), no Rio de Janeiro. Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), Especialista em cultura e história da África, onde foi embaixador, Alberto foi um dos mais importantes intelectuais brasileiros. Representou o pais por quatro anos, atuando na Nigéria e no Benin.

Em carreira bem sucedida nas letras, Alberto era ensaísta e memorialista. Com seu trabalho, Alberto da Costa e Silva contribuiu para o desenvolvimento de estudos sobre o continente africano. Ao todo, escreveu mais de 40 livros, entre poesia, ensaio, história, infanto-juvenil, memória, antologia, versão e adaptação.

Graças à sua obra, com trabalhos sobre a história africana, recebeu em 2014 o Prêmio Camões. Antes, em em 2003, o Prêmio Juca Pato. O interesse pelo continente foi despertado logo no início de sua carreira diplomática, em 1960, quando viajou pela primeira vez à África na comitiva do então ministro das Relações Exteriores Negrão de Lima, para representar o Brasil nas cerimônias de independência da Nigéria, em 1960. Mais tarde, em 1986, ele seria reconhecido com o título de Doutor Honoris Causa em Letras pela Universidade Obafemi Awolowo (ex-Uni­versidade de Ifé), da Nigéria.

Alberto da Costa e Silva era correspondente da academias importantes de Portugal

Seu primeiro contato acadêmico com a África se deu por meio do livro Os Africanos no Brasil, de Nina Rodrigues, e Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre.

Eleito para a ABL em 2000, foi o quarto ocupante da cadeira nº 9, na sucessão de Carlos Chagas Filho. Presidiu a academia nos anos 2002 e 2003, onde também ocupou cargos de secretário-geral, primeiro-secretário e diretor das bibliotecas. Era ainda sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Portuguesa da História.

Além de embaixador na Nigéria e no Benin, Alberto também foi embaixador em Portugal, entre 1986 e 1990; na Colombia, entre 1990 e 1993; e no Paraguai, entre 1993 e 1995. Já entre os anos de 1995 e 1998, o ex-presidente da ABL foi Inspetor-Geral do Ministério das Relações Exteriores.

Corpo será cremado nesta segunda (27)

Nascido em São Paulo, em 12 de maio de 1931, Alberto morou em Fortaleza, onde fez o ensino primário e secundário. Em 1943, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se formou pelo Instituto Rio Branco em 1957.

Alberto da Costa e Silva deixou três filhos – Elza Maria, Antonio Francisco e Pedro Miguel – sete netos e uma bisneta. Conforme a ABL, o corpo de Alberto será cremado na próxima segunda-feira (27). Não haverá velório e a cerimônia de cremação será apenas para a família.

Políticos, intelectuais e personalidades em geral lamentaram a morte. Entre eles, o assessor especial da Presidência da República, o diplomata Celso Amorim. “Muito triste com falecimento do grande embaixador, grande escritor, grande pensador, Alberto da Costa e Silva. Convivi com ele em vários momentos da minha carreira. E ele é uma fonte de inspiração para todos aqueles que amam a África, que querem uma política externa do Brasil condizente com as nossas origens africanas”, disse.

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