Morre no Rio aos 92 anos o diplomata e membro da ABL Alberto da Costa e Silva
Poeta, ensaísta, memorialista, historiador e especialista em cultura da África, Alberto recebeu o prêmio Camões em 2014. Morreu de causas naturais
Publicado 26/11/2023 - 14h17
São Paulo – O diplomata, poeta e historiador Alberto da Costa e Silva morreu de causas naturais na madrugada deste domingo (26), no Rio de Janeiro. Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), Especialista em cultura e história da África, onde foi embaixador, Alberto foi um dos mais importantes intelectuais brasileiros. Representou o pais por quatro anos, atuando na Nigéria e no Benin.
Em carreira bem sucedida nas letras, Alberto era ensaísta e memorialista. Com seu trabalho, Alberto da Costa e Silva contribuiu para o desenvolvimento de estudos sobre o continente africano. Ao todo, escreveu mais de 40 livros, entre poesia, ensaio, história, infanto-juvenil, memória, antologia, versão e adaptação.
Graças à sua obra, com trabalhos sobre a história africana, recebeu em 2014 o Prêmio Camões. Antes, em em 2003, o Prêmio Juca Pato. O interesse pelo continente foi despertado logo no início de sua carreira diplomática, em 1960, quando viajou pela primeira vez à África na comitiva do então ministro das Relações Exteriores Negrão de Lima, para representar o Brasil nas cerimônias de independência da Nigéria, em 1960. Mais tarde, em 1986, ele seria reconhecido com o título de Doutor Honoris Causa em Letras pela Universidade Obafemi Awolowo (ex-Universidade de Ifé), da Nigéria.
Alberto da Costa e Silva era correspondente da academias importantes de Portugal
Seu primeiro contato acadêmico com a África se deu por meio do livro Os Africanos no Brasil, de Nina Rodrigues, e Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre.
Eleito para a ABL em 2000, foi o quarto ocupante da cadeira nº 9, na sucessão de Carlos Chagas Filho. Presidiu a academia nos anos 2002 e 2003, onde também ocupou cargos de secretário-geral, primeiro-secretário e diretor das bibliotecas. Era ainda sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Portuguesa da História.
Além de embaixador na Nigéria e no Benin, Alberto também foi embaixador em Portugal, entre 1986 e 1990; na Colombia, entre 1990 e 1993; e no Paraguai, entre 1993 e 1995. Já entre os anos de 1995 e 1998, o ex-presidente da ABL foi Inspetor-Geral do Ministério das Relações Exteriores.
Corpo será cremado nesta segunda (27)
Nascido em São Paulo, em 12 de maio de 1931, Alberto morou em Fortaleza, onde fez o ensino primário e secundário. Em 1943, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se formou pelo Instituto Rio Branco em 1957.
Alberto da Costa e Silva deixou três filhos – Elza Maria, Antonio Francisco e Pedro Miguel – sete netos e uma bisneta. Conforme a ABL, o corpo de Alberto será cremado na próxima segunda-feira (27). Não haverá velório e a cerimônia de cremação será apenas para a família.
Políticos, intelectuais e personalidades em geral lamentaram a morte. Entre eles, o assessor especial da Presidência da República, o diplomata Celso Amorim. “Muito triste com falecimento do grande embaixador, grande escritor, grande pensador, Alberto da Costa e Silva. Convivi com ele em vários momentos da minha carreira. E ele é uma fonte de inspiração para todos aqueles que amam a África, que querem uma política externa do Brasil condizente com as nossas origens africanas”, disse.
Confira outras homenagens:
Recebi com pesar a notícia do falecimento do Embaixador Alberto da Costa e Silva, um dos maiores diplomatas de sua geração e um dos mais influentes estudiosos da cultura africana. Seja pelos postos que comandou na África ou pelos brilhantes livros que escreveu e organizou, Costa…
— Geraldo Alckmin 🇧🇷 (@geraldoalckmin) November 26, 2023
Faleceu Alberto da Costa e Silva, ex-presidente da ABL.
— Fred Soares 🎩 (@fredaosoares) November 26, 2023
Era escritor, poeta e diplomata.
Foi tbm um historiador da diáspora africana e, de um de seus trabalhos, veio a inspiração para o enredo "Agudás", que a Tijuca tão bem desenvolveu em 2003.pic.twitter.com/ziklZN1kxM
Minha solidariedade aos familiares e amigos do querido diplomata Alberto da Costa e Silva. Ex-membro do conselho consultivo do @IphanGovBr, foi um dos responsáveis pelo dossiê de candidatura do Cais do Valongo, patrimônio mundial. Que seu legado se perpetue. pic.twitter.com/y7DHBGVayA
— Leandro Grass (@leandrograss) November 26, 2023