Livros resgatam patrimônio histórico de São Luiz do Paraitinga

Duas obras que tratam da cultura local serão lançados amanhã (31), em São Luiz. Um deles havia sido perdido na enchente de 2010

São Paulo – Os livros “O Luizense”, de 1921, e “São Luiz do Paraitinga – usos e costumes”, de 1949, serão lançados neste final de semana pela AMI São Luiz, associação que busca a reconstrução do patrimônio material e imaterial de São Luiz do Paraitinga, no Vale do Paraíba (SP). A cidade foi destruída por uma enchente em janeiro de 2010. Com coordenação de Daniela Corrêa e edição de Luiz Egypto e Haydée Ivo, as obras falam da história e da cultura da cidade.

Incontáveis documentos oficiais e religiosos e publicações da cidade foram perdidos na catástrofe. O Luizense, edição em fac-símile do número 656 do jornal de mesmo nome, passou perto de ser um deles. Fundado em 1903, este foi o jornal da cidade por mais de 30 anos. Em 1921, para comemorar a reabertura da Igreja Nossa Senhora do Rosário, que estava em reforma de 1914 até então, o dono e principal redator do O Luizense, Bernardo Joaquim Dias, idealizou essa edição especial. A igreja original era de 1769, mas, por conta da má condição de sua estrutura, precisou ser demolida. 

À época, os moradores se manifestaram e reconstruíram o templo.  O exemplar original foi encontrado, parcialmente destruído pelas águas do rio Paraitinga, na casa de Haydée Ivo, quando era feita a limpeza após a enchente. “Meu avô deu o livro ao meu pai pouco antes de morrer, como uma herança, mas eu achava que ele tinha sido destruído”, relata Haydée. 

O exemplar foi restaurado pelo Arquivo do Estado de São Paulo. Essa re-edição, da JAC editora, preservou a ortografia original, bem como as cores das letras usadas nos textos do antigo jornal. O livro, parte do patrimônio histórico de São Luiz de Paraitinga, contém notícias, fotografias, contos e artigos comuns às publicações jornalísticas da primeira metade do século 20. De “São Luiz do Paraitinga – usos e costumes”, sobrou só um exemplar na cidade, depois da enchente.

O autor, Mário Aguiar, na época, magistrado e folclorista, faz crônicas sobre a história, os hábitos e festas, cantos e danças populares, assim como descrições de todos os edifícios memoráveis, entre as décadas de 1930 e 1940, de São Luiz. Essas crônicas haviam em parte sido publicadas em um semanário de Taubaté, mas, em 1949, a Revista do Arquivo Municipal editou essa coletânea. Da edição antiga para essa foram feitos ajustes ortográficos e na tipografia.

O jornalista Luiz Egypto, redator-chefe do Observatório da Imprensa e um dos editores, afirma que os livros são somente catalizadores para a recuperação do patrimônio histórico intelectual da cidade. “Eles têm o objetivo de fazer com que a comunidade se aproprie disso. Isso aqui é um grão de areia, a ideia é que se crie uma política pública que traga de volta documentos perdidos, que as escolas públicas possam estimular seus alunos a terem trabalhos próprios de preservação da memória.”

A AMI São Luiz – Associação dos Amigos para a Recuperação e Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural de São Luiz do Paraitinga – foi a responsável pela reconstrução do asilo conhecido como Vila São Vicente de Paulo e ajudou na reforma de 12 imóveis particulares na cidade.

Lançamento:                                                                                                                               
Data: 31 de março
Local:  Sede do Instituto Elpídio dos Santos – Rua Cel. Domingues de Castro, 55,  São Luiz do Paraitinga
Horário:  20h
Os livros poderão ser retirados gratuitamente no dia do lançamento ou em horário comercial na sede da AMI São Luiz – rua 31 de Março, 36, Centro, São Luiz do Paraitinga.