Edição aborda mitos da (des)informação, da terceirização e dos negócios bancários

Mulheres – no rúgbi, na hora do parto e no ministério de Dilma – também são estrelas de março

Por que 100 mil margaridas merecem 18 segundos de Jornal Nacional e 20 mil ruralistas, mais de dois minutos? (Foto: Marcell Casal/ABr)

O primeiro mito posto à prova na edição de março da Revista de Brasil – tema de sua reportagem de capa – foi construído nas últimas décadas pelos proprietários das grandes redes de comunicação: o de que a discussão de um novo marco regulatório para o sistema brasileiro de rádio e TV seria uma espécie de ameaça à liberdade de imprensa. O problema é que todo o espaço por onde trafegam as imagens que chegam na sua TV e os sons que chega no seu rádio está ocupado por meia dúzia de proprietários. E o Brasil é muito maior do que eles. Não se trata, portanto, do direito dos cidadãos a ter um controle remoto, mas o de usar o controle remoto e poder encontrar mais do que a atual indústria, que faz da comunicação um negócio, tem a oferecer. Democratizar é discutir a divisão justa desse espaço, critérios civilizados e socialmente responsáveis de permissão para o uso desse espaço – e tudo isso é papel do Estado.

Outra reportagem põe em xeque os mitos da terceirização. Um lobby empresarial, apoiado por alguns veículos de comunicação, pressiona empurrar o Congresso a aprovar uma lei que torna mais flexível o emprego de mão de obra terceirizada. Alegam que o mecanismo ajuda a criar empregos formais e de qualidade. Um fórum que reúne centrais sindicais, procuradores do trabalho, intelectuais e entidades da sociedade fará campanha para demonstrar o contrário: que a terceirização está fartamente associada a trabalho precário e degradante e que precisa de uma legislação mais rigorosa que coíba o abuso.

Já o mito de que o mercado é que deve definir como se criam e como são vendidos os produtos aos consumidores também é alvo de matéria a respeito de produtos bancários. A imposição de metas relacionadas a lucros tem sufocado empregados dos bancos e direcionado aos clientes serviços inadequados e lesivos aos usuários. Entidades sindicais e de defesa do consumidor se organizam para cobrar uma postura mais ética, no Brasil e no mundo.

A polêmica em torno das concessões de aeroportos para operadoras privadas também está na pauta. E ainda: o potencial dos programas sociais e de transferência de renda de interferir nas realidades locais e impulsionar o crescimento econômico é defendido pela ministra Tereza Campello, do Desenvolvimento Social e Combate à fome; a violência contra as mulheres no momento do parto; a lembrança dos velhos filmes de Mazzaropi, que a crítica detestava mas que soube como poucos conquistar um espaço no imaginário e na memória popular; a crescente do público feminino ao combativo rúgbi. Os textos de Mauro Santayana, Laurindo Lalo Leal Filho e Mouzar Benedito também estão aqui, como sempre. Nas dicas culturais, um encontro com Marilyn Monroe, esta um mito incontestável. E uma boa viagem a Inhotim (MG).