CPI

Gestão Haddad reafirma que transporte particular deve subsidiar coletivo

Diretor financeiro da SPTrans diz na CPI dos Transportes que é preciso trazer o carro para o debate sobre a necessidade de baratear os custos da mobilidade pública e cobra atitude do governo estadual

Avener Prado/Folhapress

Uma das necessidades elencadas pela SPTrans é a discussão sobre o subsídio dado às empresas

São Paulo – O diretor financeiro da SPtrans, Adauto Faria, reafirmou hoje (26) a ideia de subsídio do transporte público pelo privado, já defendida em outras ocasiões pelo prefeito Fernando Haddad (PT). Durante reunião da Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) dos Transportes, na Câmara Municipal de São Paulo, que o “carro está fora do debate, e é preciso que se traga o transporte privado para a discussão”. Ele citou como exemplo a possibilidade de implementação da Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) municipal como forma de se efetivar que o transporte privado passe a pagar pelo transporte público.

Segundo Faria, as gratuidades no transporte público devem ser discutidas, e é preciso questionar as melhores formas de bancá-las. Neste momento, a integração pelo Bilhete Único e entre os sistemas de ônibus, trens e metrô, embora positiva para o usuário, onera o transporte público – foram 21 milhões de passagens gratuitas em janeiro, por exemplo. Ele ainda afirmou que o custo de subsídio é alto porque a quantidade de passageiros transportados aumentou, entre 2005 e 2012, mas a quantidade de pagamentos não cresceu de maneira proporcional, já que teve aumento menor. Com isso, diz, o caminho é garantir uma redução no subsídio que a prefeitura dá aos operadores do sistema.

De acordo com dados apresentados por Faria, em 2005 havia 209 milhões de passageiros, sendo que 120 milhões pagaram a tarifa integralmente, sem qualquer tipo de gratuidade ou meio bilhete, o que representa 57% do valor total do custo do sistema. Em 2012 foram 243 milhões de passageiros transportados, com 125 milhões pagantes de tarifa completa, o que é 51% do valor total. Assim, entre 2005 e 2012, houve uma redução de 10,41% na proporção entre os passageiros que pagaram a passagem inteira e aqueles que pagaram com subsídio.

Ele ainda citou como exemplo o ano de 2012, que tinha estimava de 1.678 bilhão de passageiros, mas foram 1.503 bilhão pagantes. Com isso deixou-se de ganhar R$ 174 milhões a menos, e foram necessários R$ 524 milhões para subsidiar a diferença.

Atualmente o subsidio é de R$1,4 bilhão e, no ano passado, o total foi de R$ 1 bilhão. Faria reforçou a necessidade de fazer com que transporte seja pensado de maneira metropolitana, de forma que se integre troléibus, ônibus, trem e metrô. “As linhas da EMTU, por exemplo, deveriam ser seccionadas quando encontrassem transporte estrutural no município de São Paulo para evitar que houvesse sobreposição de linha. Desde a gestão Marta Suplicy tentamos discutir isso com o governo estadual, mas houve muita resistência”, afirmou.