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Empresário admite falhas em show de Taylor Swift, mas culpa calor extremo por morte de fã

Em pronunciamento após publicação de regras federais que obrigam acesso à água, CEO da empresa responsável pelo show fala em aprendizado, fatalidade e em uma ajuda à família da vítima, que é questionada

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Sob forte calor e sem acesso adequado à água, centenas passaram mal e Ana Clara Benevides não resistiu. Culpa é do calor "extremo", segundo CEO da T4F

São Paulo – O empresário Serafim Abreu, CEO da Time for Fun (T4F), admitiu falhas na organização do show de Taylor Swift na última sexta (17), no Rio de Janeiro, mas culpou o “calor extremo” pela morte de Ana Clara Benevides, de 23 anos. Ele se pronunciou nesta quinta-feira (23) por meio de um vídeo de dois minutos divulgado na página oficial da empresa no Instagram. Foi a primeira vez que falou sobre a morte da estudante de Psicologia do Mato Grosso do Sul no evento organizado pela empresa que dirige.

“Nós sabemos a enorme responsabilidade que temos a organizar um evento desse porte. Por isso, não economizamos esforços e recursos para seguir sempre as melhores práticas mundiais do setor, para garantir conforto e segurança para todos”, disse.

No entanto admitiu a insuficiência dos esforços. “Reconhecemos que poderíamos ter tomado algumas ações alternativas, adicionais a todas as outras que fizemos, como, por exemplo, criar locais de sombra nas áreas externas, alterar o horário dos shows inicialmente programados, enfatizar mais a permissão de ingressar com copos de água descartáveis”.

A manifestação do empresário ocorre no dia seguinte à publicação de regras estabelecidas pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), vinculada ao Ministério da Justiça, para proteger a saúde de consumidores em shows, festivais e grandes eventos nos períodos de alta temperatura. Com a determinação, os responsáveis pela produção de eventos são obrigados a disponibilizar bebedouros e água adequada para consumo em pontos que permitam o fácil acesso à hidratação de todos os espectadores. O resgate rápido de participantes em casos de alguma necessidade de saúde ou situação de perigo também deverá ser garantido.

Sob calor extremo e com acesso à água restrito, estudante de 23 anos morre em show no Rio

Para empresário, foi “fatalidade”

Segundo o chefe da T4F, a morte da jovem foi um “aprendizado” que levou à incorporação de novas práticas para eventos em dias de “calor extremo”, “como fizemos imediatamente nos shows seguintes”. “Sabemos que, com as mudanças climáticas que estamos vivendo, esses episódios serão cada vez mais frequentes”, disse.

Esse “calor extremo” que vem sendo alertado por especialistas há anos devido às mudanças climáticas em curso, foi apontado pelo empresário como causa do que ele chamou de “fatalidade”. Segundo ele, isso aconteceu “pela primeira vez em mais de 40 anos de atuação” da empresa. E citou laudo preliminar, que apontou que a jovem teve “pequenas hemorragias” no pulmão, “que podem ter sido causadas por calor e insolação”. Mas não citou a falta de água.

Para ele, “todo o setor” precisa repensar a sua atuação “diante dessa nova realidade”. “De qualquer forma, quero aqui pedir desculpas a todos que não tiveram a melhor experiência possível. Entregar o melhor evento sempre será o nosso compromisso. Também peço desculpas pela demora em realizar essa manifestação pública, pois nosso foco estava em incorporar os aprendizados que tivemos”.

Em recado aos fãs, já que terá shows em São Paulo, disse que a empresa trabalha para “proporcionar uma noite emocionante e memorável”. “Para os shows do Allianz Parque, seguimos o novo posicionamento das autoridades.”

Como “aprendizado”, empresa vai seguir regras do governo

Disse ainda que está permitida a entrada de garrafas de água em plásticas flexíveis, além dos copos de água descartáveis “que sempre foram liberados”. “Todas as orientações para o show serão amplamente divulgadas em nossas redes para que todo mundo possa vivenciar a melhor experiência possível”.

Na mensagem, Abreu diz ainda que ofereceu assistência à família da universitária, cujo corpo foi sepultado há dois dias. “Estamos absolutamente desolados, muito tristes com a perda da jovem Ana Clara, apesar do pronto atendimento e de todos os esforços realizados pelas equipes médicas no evento e no hospital. À família de Ana Clara, quero expressar os nossos mais sinceros sentimentos. Coloco aqui, agora publicamente, a nossa disposição em prestar assistência no que for necessário, como já dissemos, diretamente para os membros da família e para o advogado que os representa, por telefone, por escrito, desde o ocorrido.”

Familiares, entretanto, disseram que a produtora T4F ofereceu apenas um suporte psicológico. E diante do silêncio dos responsáveis pelo show, os fãs da cantora estadunidense Taylor Swift se mobilizaram em uma vaquinha para para ajudá-los, já que têm arcado sozinhos com todos os custos, incluindo o translado do corpo da estudante.

A iniciativa dos fãs, aliás, teve início após os familiares de Ana Clara declararem que não recebiam suporte financeiro necessário da produtora do show e tampouco da equipe da própria artista.

Confira pronunciamento do CEO da empresa responsável pelo show de Taylor Swift